ID: 18569
Autoria:
Vera L. Cançado.
Fonte:
RAUSP Management Journal, v. 29, n. 4, p. 56-63, Outubro-Dezembro, 1994. 8 página(s).
Palavras-chave:
estratégias de regulação de conflito , gestão em empresas de transporte rodoviário de carga , mecanismos de defesa dos trabalhadores , relações de trabalho
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Neste artigo tem-se por objetivo aprofundar os estudos sobre as formas de regulação de conflitos dentro das organizações, com enfoque central nas estratégias desenvolvidas pelos trabalhadores, em nível inconsciente: mecanismos de defesa, doenças psicossomáticas e mentais e ideologia defensiva da profissão. Por meio de observações e entrevistas, realizadas com gerentes e motoristas de transporte rodoviário de carga da Empresa XPC, detectou-se que o sofrimento e o prazer não se encontram em instâncias separadas ou específicas: eles são faces de uma mesma moeda. Os depoimentos revelaram alegrias, dores, desabafos e críticas que caracterizam e demonstram os mecanismos de regulação de conflitos. A análise das entrevistas levou a concluir que o trabalho penoso se refere a contextos geradores de perigo, esforços e sofrimentos físico e mental, sobre os quais os motoristas não têm controle. Para introduzir um grau mínimo de controle, os motoristas constroem e praticam ações adaptativas, tentando manter os equilíbrios físico e psíquico. Vencer os desafios e as dificuldades colocados pelo trabalho, sejam eles o medo e o risco de acidentes, o sono e a alimentação inadequados, a dureza e o perigo do ato de dirigir, pode também se transformar em fonte de prazer, através dessas estratégias defensivas. Este paradoxo sofrimento-prazer abre-nos novas questões sobre a relação homem-trabalho.