ID: 65221
Autoria:
Ana Carolina Soares Oliveira, Juliana Maria Magalhães Christino.
Fonte:
Revista Brasileira de Marketing, v. 20, n. 4, p. 325-361, Outubro-Dezembro, 2021. 37 página(s).
Palavras-chave:
Cabelo , Circuito , Consumo , Estigma , Teoria da prática
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Objetivo: O presente artigo tem por objetivo analisar as maneiras de consumir que perpassam o processo de transição capilar de mulheres brasileiras que passam a assumir as texturas crespas e cacheadas de seus cabelos, deixando de consumir alisamentos. Metodologia: O fenômeno retratado é estudado nesta pesquisa por meio do circuito da prática que relaciona os objetos com fazeres e seus significados (Magaudda, 2011), o qual é complementado com a concepção de circuito trazida por Braga (2012) onde buscou-se analisar os circuitos dentro dos campos sociais do mercado, da sociedade, do cotidiano e das interseções da mídia no circuito como um todo. Originalidade/Relevância: Ampliação dos estudos entre práticas de consumo e estigma social. Ampliação do corpus de estudo com a integração de mulheres com diferentes tons de pele, fator considerado importante em uma sociedade tão miscigenada como a brasileira. Inovação metodológica com a junção de dois aportes metodológicos. Resultados: Por meio da análise do corpus, emerge como principal resultado a trajetória capilar compartilhada entre as entrevistadas. Tal trajetória representa uma visão macro das manipulações capilares empreendidas que, ampliada, compõe-se de quatro circuitos principais: (I) textura virgem do cabelo; (II) adoção do alisamento; (III) transição capilar - que implica no abandono do alisamento; (IV) retorno à textura virgem do cabelo. A partir da análise dos circuitos, este trabalho traz de inovação teórica a associação das práticas de consumo com contextos mais amplos de significação, englobando os ambientes sociais, mercadológicos e midiáticos, contribuindo para a intensificação do debate dos elementos imbricados no comportamento de consumo. Nesse sentido, o artigo também contribui teoricamente para a inserção da noção de midiatização da sociedade - enfatizando especialmente a inventividade de seus usos pelo consumidor. Contribuições Teóricas: (i) ampliação das discussões sobre consumo pelas lentes da teoria da prática; (ii) demonstração que a articulação entre objetos, fazeres e significados potencializam um entendimento mais aprofundado das práticas de consumo; (iii) articulação entre os aspectos sociais, mercadológicos, cotidianos e midiáticos para analisar os processos de transformação das práticas de consumo.