ID: 15223
Autoria:
Antonio Carlos de Azevedo Sodré.
Fonte:
Revista de Administração Pública, v. 15, n. ed. extra, p. 57-97, Dezembro, 1981. 41 página(s).
Tipo de documento: Artigo (Português)
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A
adequada condução de um Plano Nacional de Saúde não pode evitar a
consideração de temas fundamentais, como a própria conceituação de
saúde, ou a caracterização adequada do binômio saúde/doença e de seu
relacionamento com os demais aspectos da atividade humana. A
definição da Organização Mundial de Saúde relacionando o fenômeno a um
"estado de perfeito bem-estar físico, mental e social" teve a
importância histórica de relacionar saúde com outros aspectos da vida
humana e ampliar significativamente seu espectro, superando a definição
primitiva de "mera ausência de doença". No entanto, essa definição,
classificada como "nirvanesca" por alguns autores, para que lograsse
alguma objetividade operacional, teve que ser substituída por outro
enfoque, como o de Dubos ou o de Perkins, relacionando saúde a um
"estado de equilíbrio dinâmico com o meio". Este enfoque atende melhor à
complexidade intrínseca do fenômeno, abrindo-lhe ainda perspectivas
operacionais. Ressalta ademais a notável interdependência da saúde com
aspectos econômicos, sociais e culturais, bem como políticos, da
existência humana. Decorre desse relacionamento que os níveis de saúde
vão ser consequência muito mais de ações empreendidas em outros setores
do que propriamente a nível dos órgãos precipuamente encarregados da
promoção da saúde e da prevenção e recuperação da doença. Tal
afirmativa, fundamental para o correto tratamento do tema proposto, não
deve significar, não obstante, que ações no campo da saúde, pelos órgãos
especificamente encarregados do setor, não possam ou não devam
desempenhar papel significativo no equacionamento dos grandes problemas
de saúde que o país enfrenta.