ID: 51553
Autoria:
Pedro Luiz Maitan Filho, Ana Lúcia Guedes.
Fonte:
Revista de Administração da Unimep, v. 16, n. 2, p. 55-84, Maio-Agosto, 2018. 30 página(s).
Palavras-chave:
indústria automotiva , multinacional , relação matriz-subsidiária , trabalho
Tipo de documento: Artigo (Português)
Ver Resumo
A expansão das montadoras para os países emergentes, e, posteriormente, reestruturações pós crise de 2008, demarcam temporalmente diversas pesquisas empíricas sobre as complexidades nas relações matriz-subsidiária. Tendo em vista esse enfoque nos estudos organizacionais, a pesquisa conduzida em subsidiária de montadora francesa no sul fluminense buscou investigar contestações e idiossincrasias subjacentes ao modo de produção flexível, como consequência da reestruturação. O referencial teórico que origina as categorias analíticas foi organizada mediante discussões sobre teorias de multinacionais e, na sequência, estudos sobre diferentes nuances das relações matriz-subsidiária em países emergentes. Foram entrevistados doze engenheiros de processos que atualmente trabalham no setor de Processos Industriais da subsidiária. A seleção dos sujeitos de pesquisa levou em conta as interfaces das respectivas funções com as mudanças estruturais e flexibilidade dos processos. Sendo assim, o material levantado no campo reúne falas de profissionais responsáveis pela logística operacional dos processos automotivos, pelo desenvolvimento de novos equipamentos da linha de montagem, como também pela avaliação dos custos industriais. Os procedimentos metodológicos incluem a técnica de coleta de dados por meio de roteiro semiestruturado a partir de tópicos referentes às pressões internas, externas e as relações institucionais geradas a partir da reestruturação da subsidiária. A pesquisa também é definida como categorial, no sentido de que foram organizadas, a partir da fundamentação teórica, três categorias de análise, sendo estas: o modo de produção flexível; as idiossincrasias no trabalho, e os atores periféricos. Por meio de comparação e confrontação com a revisão teórica, as respostas dos engenheiros de processo sinalizaram os seguintes aspectos: (a) em relação ao modo de produção flexível, ficam caracterizadas as recorrentes mudanças no trabalho no setor de Processos Industriais, como também a intensa inserção tecnológica nos últimos anos, que é um atributo do pós-fordismo e/ou toyotismo; (b) quanto às idiossincrasias associadas à adoção do modo de produção flexível, destacam-se os conflitos entre trabalhadores locais e expatriados, que aparecem nas falas como choque cultural e consequência da escassez de novos postos de trabalho; além disso, a importação das práticas da matriz, que foi descrita pelos respondentes como rebaixamento do trabalho local e, em sentido mais amplo, o não-enraizamento tecnológico na subsidiária; (c) em relação aos atores periféricos, a pesquisa realça contradições na política de incentivos fiscais e o enfraquecimento sindical no sul fluminense, sobretudo a ineficácia dos acordos coletivos. As análises também apresentam contribuições teóricas e empíricas para pesquisas no âmbito do trabalho e relações matriz-subsidiária nas montadoras.