ID: 46830
Autoria:
Douglas Murilo Siqueira, Benny Kramer Costa, Almir Martins Vieira.
Fonte:
Revista de Administração da Unimep, v. 15, n. 2, p. 130-151, Maio-Agosto, 2017. 22 página(s).
Palavras-chave:
Cooperativas , Economia Solidária , Poder , Rede Social
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Em empreendimentos pertencentes ao cenário da economia solidária, o poder de decisão costuma ser distribuído e compartilhado entre os cooperados, sendo, portanto, descentralizado, democrático, difuso e horizontalizado, em panorama no qual os votos possuem o mesmo valor, independente do ator. Organizações dessa natureza são caracterizadas pela posse conjunta e integrada dos meios de produção e pela gestão democrática (ou autogestão), além da distribuição equitativa da receita proveniente daquilo que se obtém como sobra para os associados, tal como defende França-Filho (2012). Diante deste contexto, este trabalho tem como objetivo analisar a rede das relações de poder em empreendimentos solidários em seis cooperativas de coleta e reciclagem de resíduos sólidos. O estudo foi considerado exploratório, com uma abordagem quali-quantitativa, conduzido pela estratégia de estudo de caso múltiplo (YIN, 2006) em cinco cooperativas de coleta e separação de materiais recicláveis do grande ABC paulista e uma da cidade de Cotia (SP). Para a construção e análise das redes, utilizou-se do software Ucinet 6.0. Para obtenção de dados passíveis de análise qualitativa, foram realizadas entrevistas com cooperados e gestores, de modo a angariar evidências que pudessem corroborar com a análise das redes. O estudo teve como fundamentação teórica a tipologia de poder proposta por Mintzberg (1983), apresentada em seis configurações; autocracia, instrumento, missionária, meritocracia, sistema autônomo e arena política. Ao apresentar tal proposta, o mesmo autor defende que a organização não se limita a uma determinada configuração, mas que existe a possibilidade de combinações e transição dos estágios, conforme sua maturidade, sendo que tal dinâmica gera um desenvolvimento organizacional próprio. Assim, as coalizões existentes entre tais configurações, tratadas por Paz (1997; 2001; 2004) e Gosendo (2009), também foram consideradas no campo conceitual, resultando em quatro sistemas: sistema de autoridade, geralmente centralizado no gestor principal (presidente), revelado de forma centralizada em quatro das seis cooperativas, sendo que somente duas estavam aderentes a um modelo de gestão participativa, todavia, destas duas, somente uma se destacou por seus resultados econômicos, diferenciando-se das demais pelas habilidades gerenciais de sua presidente. Ademais, o estudo realizado demonstra também que o poder e a colaboração entre os cooperados estão vinculados com os resultados da sustentabilidade econômico-financeira da cooperativa, quando pautados no modelo de gestão mais profissionalizado. Esta investigação buscou ajudar a suprir uma lacuna nos estudos empíricos de poder em empreendimentos solidários, que têm nas decisões colegiadas, o principal princípio da economia solidária, a autogestão.