ID: 67394
Autoria:
Mariana Aparecida Euflausino, Elisa Yoshie Ichikawa.
Fonte:
Organizações & Sociedade, v. 29, n. 102, p. 581-605, Julho-Setembro, 2022. 25 página(s).
Palavras-chave:
Certeau e Bourdieu , cotidiano , empreendimentos de sobrevivência , estudos organizacionais , subespécies de capital simbólico
Tipo de documento: Artigo (Português)
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O objetivo deste ensaio teórico é defender o reconhecimento de subespécies de capital simbólico, diante do contexto das práticas cotidianas de trabalho, da gestão ordinária. O tema da gestão ordinária é relevante e escasso na área de administração. Trata-se de uma perspectiva que se distancia do mainstream da administração e fomenta o olhar para compreender outras formas de gestão relacionadas ao cotidiano do Homem ordinário. Portanto, refletimos sobre a necessidade de reconhecer recursos e capitais peculiares a essa maneira comum de realizar gestão, na qual o capital econômico e cultural são precários aos seus agentes e os capitais precisam ser reconhecidos a partir dos efeitos do simbólico. Assim, discutimos essa proposta a partir das abordagens teórico epistêmicas de Michel de Certeau sobre a arte de fazer o cotidiano e a perspectiva de capital simbólico no contexto teórico da prática de Pierre Bourdieu. Assumimos a pluralidade do conceito de capital, mas, sobretudo, buscamos aproximar a compreensão de capital à realidade de uma gestão ordinária. Portanto, propomos uma inversão da comum perspectiva de capital relacionada ao “distinto” e ao “glamour”, fomentada em uma concepção dominante da administração. Sugerimos reconhecer subespécies de capital simbólico, que habitam o popular, o “vulgar”, logo, o não “distinto”. Este estudo contribui para os estudos organizacionais ao abrir espaço para que se reconheçam os recursos que configuram a prática da gestão de pequenos empreendimentos de sobrevivência, que expressam a realidade cotidiana de empreendimentos no contexto de países emergentes.