ID: 6656
Autoria:
Ernesto Michelangelo Giglio, José Luis Guagliardi Hernandes.
Fonte:
Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 14, n. 42, p. 78-101, Janeiro-Março, 2012. 24 página(s).
Palavras-chave:
Metodologia , Pesquisa , Redes
Tipo de documento: Artigo (Português)
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O objetivo do artigo é discutir as metodologias de pesquisas sobre redes
de negócios que são utilizadas por autores brasileiros, a partir de uma
amostra da produção científica do Congresso EnAnpad. A proposição
orientadora, criada a partir de reflexões prévias, é que os
pesquisadores brasileiros utilizam predominantemente metodologias
clássicas de disjunção e redução do fenômeno, buscando relações causais
estritas, com objetos de estudo que são os atores e que tal abordagem é
um dos motivos de existirem poucos avanços teóricos nesse campo. Para
atingir o objetivo, foi necessário buscar na literatura internacional
sobre redes as convergências de afirmativas, que servem de base para as
discussões. Entre elas destacam-se os fluxos como objeto de estudo e a
dinâmica constante das redes, o que dificulta estabelecerem-se relações
causais estritas. As convergências revelaram dois paradigmas; o
paradigma racional econômico, com teorias sobre os custos de transação e
estratégias de redes, e o paradigma social, com teorias sobre a
sociedade em rede e as relações sociais determinando os processos e
controles das relações técnicas da rede. Aceitando e tendo como base as
premissas desses paradigmas, analisaram-se os artigos publicados no
Congresso EnAnpad nos últimos dez anos e concluiu-se que a afirmativa se
sustenta. Há dominância do paradigma racional econômico, com o uso de
métodos clássicos de coleta e análise, com questionários e entrevistas
sobre atitudes e percepções, buscando relações causais estritas e não se
encontram benefícios, ou avanços teóricos. Entendemos que é possível
trilhar outro caminho metodológico, que consideramos mais competente
para captar o fenômeno de redes, a partir da teoria da sociedade em
rede; dos princípios epistemológicos da teoria da complexidade,
principalmente o princípio da não-disjunção, e com o uso dos métodos e
técnicas decorrentes da abordagem da teoria dos sistemas, principalmente
a afirmativa da retroalimentação. Com esses princípios, construiu-se
uma proposta de desenho de pesquisa que integra o subsistema das
relações sociais com o subsistema das relações de produção, que é um
principio fundamental da abordagem social de redes, colocando-se o fluxo
entre os atores como a unidade de investigação. Nesse sistema
valoriza-se a historicidade, o fluxo, a mobilidade e a incerteza, que
são as características mais evidentes do fenômeno de redes.