ID: 56660
Autoria:
Fabiano Ferreira Batista, Edilson Paulo.
Fonte:
Sociedade, Contabilidade e Gestão, v. 15, n. 2, p. 1-19, Maio-Agosto, 2020. 19 página(s).
Palavras-chave:
Conservadorismo , Oportunidade , Propriedades para Investimento , Valor Justo
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Considerando a escolha contábil presente na IAS 40/CPC 28, no que diz respeito ao modelo de mensuração das Propriedades para Investimento (Custo Histórico ou Valor Justo), e a exclusão do conservadorismo do rol das características qualitativas, dado que a mesma seria incompatível com a neutralidade, o presente trabalho objetiva analisar se as empresas brasileiras do setor de Exploração de Imóveis apresentam números contábeis conservadores e se há diferença conforme modelo de mensuração escolhido. O setor foi escolhido dada a alta representatividade das Propriedades para Investimento em suas empresas e cujo reconhecimento podem ser afetados por práticas conservadoras. Nesse sentido, analisou-se as informações trimestrais no período entre o primeiro trimestre de 2010 e o primeiro trimestre de 2019, por meio dos modelos de conservadorismo e oportunidade de Basu (1997) e de Ball e Shivakumar (2005). Os resultados indicaram que as empresas do setor de Exploração de Imóveis não apresentaram indícios de conservadorismo e que não há diferença entre esse comportamento que possa ser atribuída à escolha contábil quanto ao modelo de mensuração das PPIs. Cabe ressaltar que, quando se utiliza o modelo do valor justo, majoritariamente a mensuração ocorre por meio de inputs não observáveis (nível 3 da hierarquia do valor justo), para a qual se atribui menor confiabilidade, o que poderia incentivar o gestor apresentar um relato mais conservador, visando atenuar possíveis descontos decorrentes por parte dos investidores. Assim, esta pesquisa apresenta evidências adicionais aos estudos anteriores, no sentido de que o valor justo é incompatível com a hipótese do conservadorismo o que, como consequência, pode resultar em redução da discricionariedade gerencial no reconhecimento assimétrico de perdas e que a mudança do custo histórico para o valor justo pode ser útil para as partes contratantes, pois é capaz de reduzir a vantagem informacional dos gestores e, consequentemente, aumentar a qualidade e a confiabilidade das demonstrações financeiras, isso porque o conservadorismo excessivo, prejudica diretamente a representação fidedigna dos números contábeis.