ID: 9754
Autoria:
João Felipe Rammelt Sauerbronn.
Fonte:
Revista de Negócios, v. 18, n. 1, p. 42-52, Janeiro-Março, 2013. 11 página(s).
Palavras-chave:
Conhecimento em Marketing , Marketing , Relevância da área de Marketing
Tipo de documento: Artigo (Português)
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O conhecimento gerado e publicado na área de marketing parece estar
comprometido com a manutenção do status quo e tem se mostrado distante
de ser relevante para a sociedade. No presente ensaio procuro mostrar
minha preocupação relacionada a duas questões: a aparente acomodação da
comunidade acadêmica brasileira em aceitar orientações de pesquisa que
estão descoladas da realidade local; e a consolidação de uma perspectiva
monoparadigmática positivista na pesquisa em marketing, que reprime a
pluralidade epistêmica. A busca por interpretações a respeito das razões
para que isso aconteça é o objetivo desse artigo. Dessa forma, conduzo o
leitor por um trajeto que se inicia com a discussão a respeito das
origens e intenções das organizações que têm se preocupado em orientar a
geração de conhecimento na área. Em seguida, apresento ao leitor
algumas reflexões a respeito dos efeitos dessa orientação externa sobre a
academia e a pesquisa acadêmica de marketing no Brasil, mais
especificamente. Apresento os reflexos sobre a atividade docente, cada
vez mais precarizada e focada no produtivismo, e sobre a formação de
novos pesquisadores, que se tornam distantes da reflexão e da observação
crítica dos problemas de marketing. Com isso, as possibilidades de
expansão do conhecimento da área e do aumento de sua relevância
tornam-se profundamente limitadas. Alguns pontos de tensão são expostos
com o objetivo de gerar um possível desconforto, afinal já é claramente
perceptível o desencanto com a área manifestado por acadêmicos de fora
dos EUA. Ao fim, o leitor é levado a considerar algumas possibilidades
para recuperação da relevância do conhecimento gerado na área, baseadas
i) na participação dos acadêmicos locais em um debate que envolva a
orientação do que é produzido na área, ii) no reconhecimento da
multiplicidade e da pluralidade da área, iii) no estímulo à produção de
conhecimento substantivo, e iv) no cuidado com a formação de novos
pesquisadores.