ID: 46825
Autoria:
Jéssica Pulino Campara, Kelmara Mendes Vieira, Reisoli Bender Filho, Daniel Arruda Coronel.
Fonte:
Revista de Administração da Unimep, v. 15, n. 2, p. 1-30, Maio-Agosto, 2017. 30 página(s).
Palavras-chave:
Comportamento Financeiro de Controle , Comportamento Financeiro de Poupança , Tolerância ao Risco
Tipo de documento: Artigo (Português)
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A tolerância ao risco é um tema que vem ganhando maior notoriedade desde os anos 70, quando Kahneman e Tversky desenvolveram a Teoria dos Prospectos, a qual revela que os indivíduos são avessos ao risco para ganhos, mas propensos ao risco para perdas. Nos dias atuais, ampliam-se os interesses em torno no assunto, pois a ampla oferta de produtos financeiros e a abertura de diversas possibilidades de investimento faz com que mais pessoas assumam determinado nível de risco em prol de um retorno extra. Nesse sentido, questiona-se quais os fatores que determinam uma aversão maior ou menor ao risco? Para responder a este questionamento este trabalho tem como objetivo identificar a influência do Comportamento Financeiro e de variáveis socioeconômicas e demográficas na Tolerância ao Risco. Para isso, foram pesquisadas 2.485 pessoas, residentes em 31 municípios pertencentes à Mesorregião Centro Ocidental Rio-grandense. Para análise dos dados, realizou-se a estatística descritiva, a análise fatorial confirmatória e uma regressão logit multinomial. Os principais resultados revelam que, a amostra é heterogênea, que em média, os entrevistados não são tolerantes ao risco, preocupam-se em economizar e gerenciar de maneira adequada seus recursos financeiros. Quanto aos determinantes da Tolerância ao Risco, identificou-se que indivíduos com controles financeiros rígidos e com baixa predisposição a economizar são avessos ao risco. Buscando compreender esse resultado, evidencia-se que pessoas controladas financeiramente normalmente são mais cautelosas e sentem-se mais seguras quando possuem o controle de seus rendimentos, já as pessoas que economizam observam esse dinheiro como um valor residual, disponível para investimentos arriscados na busca por melhores retornos já que não necessitam desse valor para sobreviverem. Quanto as variáveis socioeconômicas e demográficas, elucida-se que os homens, casados, sem dependentes, com estabilidade empregatícia, mais jovens, com níveis de escolaridade menores e maiores níveis de renda possuem uma maior probabilidade de assumir risco. Esse perfil caracteriza indivíduos possivelmente recém casados, com estabilidade econômica que buscam dar melhores condições financeiras a sua família e, por esse motivo, investem em ativos de maior risco na busca de obterem maiores retornos. Como contribuições, destaca-se que os resultados aqui apresentados ampliam as evidencias dos fatores determinantes da tolerância ao risco, podendo as financeiras apropriar-se desses resultados para desenvolver produtos financeiros voltados a indivíduos mais predispostos ao risco, bem como incorporarem esses perfis na análise de concessão de crédito. Além desses benefícios, o desenvolvimento de um modelo de mensuração para o comportamento financeiro, propicia que mais pesquisas estudem esse fator com base no modelo aqui validado.