ID: 49522
Autoria:
Raísa Vocce Rudzevicius, João Maurício Gama Boaventura, Keysa Manuela Cunha de Mascena, Greici Sarturi.
Fonte:
Revista de Administração da Unimep, v. 16, n. 1, p. 56-77, Janeiro-Abril, 2018. 22 página(s).
Palavras-chave:
Alocação de valor , Análise de conteúdo , Setor financeiro , Stakeholders
Tipo de documento: Artigo (Português)
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A alocação de valor para stakeholders é um campo que ainda apresenta lacunas na literatura. Por um lado, há a proposta de que as empresas que gerenciam para os stakeholders devem alocar um valor maior que o mínimo necessário para manter um relacionamento com eles e ter acesso aos recursos que eles fornecem. Por outro lado, os limites para essa maior alocação de valor e qual seria uma alocação eficiente são questões ainda pouco estudadas nesta literatura. Harrison e Bosse (2013) contribuem com essa discussão e propõem um modelo de análise que considera o montante de valor alocado para os stakeholders em função de seu poder e importância estratégica. Embora os autores avancem com a proposição do modelo, pouco se sabe sobre como essa alocação de valor ocorre nas empresas. Tendo em vista contribuir com esta questão, esta pesquisa tem como objetivo aplicar o modelo teórico de Harrison e Bosse (2013). O modelo associa a alocação de valor para stakeholders a duas características do stakeholder: o poder e a importância estratégica. Para investigar este fenômeno, realizou-se uma pesquisa descritiva e propôs-se um método de análise de conteúdo em relatórios de sustentabilidade que adotam o padrão da Global Reporting Initiative (GRI). A amostra analisada é composta por empresas do setor financeiro que publicaram relatórios GRI no ano de 2014. Os resultados corroboram com o modelo de Harrison e Bosse (2013), pois o stakeholder com prioridade máxima, ou seja, alto poder e alta importância estratégica, recebeu muito valor, e o stakeholder com prioridade baixa, ou seja, com baixo poder e baixa importância estratégica, recebeu pouco valor. Observou-se que a superalocação de valor está associada ao alto poder do stakeholder, ou seja, os stakeholders classificados com alto poder receberam muito valor enquanto os stakeholders classificados com baixo poder receberam pouco valor. Este resultado indica que o stakeholder com maior poder, considerado como a sua capacidade de prejudicar a empresa, pode exercer alta pressão nos gestores para receber maior valor, mesmo que não seja o stakeholder que mais contribui para a criação de valor. Este estudo apresenta uma contribuição empírica, ao descrever a alocação de valor para os stakeholders em uma amostra de empresas brasileiras do setor financeiro. A pesquisa também apresenta uma contribuição metodológica, ao desenvolver um método de análise da alocação de valor para stakeholders. Por fim, esta pesquisa apresenta uma contribuição gerencial, abordando como a importância estratégica e o poder dos stakeholders, bem como a alocação de valor para stakeholders, são revelados por meio dos relatórios divulgados pelas empresas. A publicação de relatórios é uma importante ferramenta de divulgação da estratégia da empresa para os públicos interessados, e é também um veículo para engajamento dos stakeholders, quando estes percebem que são recompensados de forma justa pela sua participação na empresa.