ID: 9680
Autoria:
Rebeca de Moraes Ribeiro de Barcellos, Eloise Livramento Dellagnelo.
Fonte:
REAd. Revista Eletrônica de Administração, v. 19, n. 1, p. 35-60, Janeiro-Abril, 2013. 26 página(s).
Palavras-chave:
Epistemologia , Estudos Organizacionais , Responsabilidade Social Corporativa
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Considerando a importância da análise epistemológica na produção do
conhecimento científico em qualquer área em termos gerais e na
administração em termos particulares, o presente artigo se propõe a
analisar os fundamentos epistemológicos de um dos temas que vem ganhando
relevância no contexto da produção acadêmica em administração: a
Responsabilidade Social Corporativa. A partir do estudo desenvolvido por
Moretti e Campanário (2009), o qual mapeou as principais referências
bibliográficas utilizadas para fundamentar os trabalhos apresentados
sobre a temática nos Encontros Nacionais da Anpad, foram selecionadas
oito obras referenciadas, as quais estavam relacionadas especificamente
aos fundamentos da responsabilidade social e analisaram-se os trechos
que tratam dos motivos pelos quais as empresas praticam ações de
responsabilidade social. Posteriormente, as obras foram analisadas sob a
ótica das principais correntes epistemológicas do séc. XX, consideradas
relevantes para a compreensão do fenômeno: empirismo, racionalismo,
utilitarismo, positivismo, funcionalismo e dialética. As conclusões
apontam para o fato de que, além da existência de uma zona de conforto
intelectual nos estudos sobre o assunto, já apontadas por Moretti e
Campanário (2009), o embasamento das referências utilizadas está
centrado na lógica de operar do paradigma dominante nas ciências da
administração, ressaltando o caráter funcionalista e utilitarista das
práticas de responsabilidade social por parte das empresas.
Curiosamente, os estudos não puderam ser classificados como empiristas,
racionalistas ou positivistas devido à falta de dados concretos que
fundamentassem as conclusões dos autores, com exceção da obra de Freeman
(1999) a qual apresenta bases empíricas a partir das quais as
conclusões são auferidas. As conclusões chamam a atenção para as
dificuldades de desenvolvimento de um campo de pesquisas centrado em
poucas obras e com fundamentos epistemológicos restritos e não
explicitados, levantando a necessidade de proposição de pesquisas que,
utilizando-se de diferentes pressupostos epistemológicos, possam
descrever o fenômeno de forma mais precisa, contribuindo para uma
compreensão reflexiva da atuação das organizações empresariais no campo
social.