ID: 42429
Autoria:
Vicente Lima Crisóstomo, Bruno Goes Pinheiro.
Fonte:
Revista de Finanças Aplicadas, v. 4, n. 1, p. 1-30, Outubro-Dezembro, 2015. 30 página(s).
Palavras-chave:
Brasil , Concentração de Propriedade , Estrutura de Capital
Tipo de documento: Artigo (Português)
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OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é analisar, sob o enfoque dos conflitos de agência, se a concentração de propriedade tem efeitos na estrutura de capital da empresa.
METODOLOGIA
Para um painel de dados não balanceado, composto por 2.324 observações anuais de 266 empresas não financeiras cotadas na BM&FBovespa, no período 1996-2012, foram estimados modelos pelo método generalizado de momentos (GMM) que têm como variável dependente o endividamento da empresa e como variáveis independentes a concentração de propriedade e outros fatores apontados por diferentes teorias como capazes de interferir na capacidade de endividamento da empresa.
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Os resultados indicam que, de fato, a concentração de propriedade favorece o endividamento. Esta realidade pode ser devida a algumas possíveis razões: a insuficiência de fluxo de caixa para financiar os projetos de investimento, o fato de grandes acionistas resistirem à emissão de ações devido à ameaça de perda de poder, a dificuldade de emissão de ações por empresas com propriedade altamente concentrada, a maximização do benefício tributário da dívida, ou ainda a influência do aspecto reputação de grandes acionistas controladores no relacionamento com o mercado de crédito. Também se observa um efeito quadrático inverso da concentração de propriedade, o que indica que a concentração tem um efeito positivo até certo limite, a partir do qual o excesso de concentração prejudica a capacidade de financiamento por dívida. Adicionalmente, foi detectado o efeito positivo do tamanho da empresa e do grau de tangibilidade da mesma sobre o endividamento da empresa, conforme previsto teoricamente. Por outro lado, a rentabilidade apresenta efeito negativo sobre o endividamento, sendo uma indicação de que a empresa brasileira estaria utilizando lucro retido para financiar-se, o que é indicativo de um comportamento pecking order.
IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
O trabalho apresenta uma contribuição adicional para a compreensão da estrutura de capital da empresa ao prover evidência no contexto do enfoque de conflitos agência. Efetivamente, a concentração de propriedade parece ter um papel que favorece o financiamento do investimento através de dívida no Brasil.