ID: 56282
Autoria:
Yuri Gomes Paiva Azevedo, Sílvio Hiroshi Nakao.
Fonte:
Advances in Scientific and Applied Accounting, v. 12, n. 3, p. 39-61, Setembro-Dezembro, 2019. 23 página(s).
Palavras-chave:
Defesas Anti-takeover , Poison Pills , Remuneração de Executivos
Tipo de documento: Artigo (Inglês)
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Nós examinamos se as poison pills exercem influência na remuneração de executivos de companhias abertas brasileiras, considerando que existe uma particularidade na adoção desse dispositivo anti-takeover em companhias brasileiras, quando comparadas às companhias americanas, uma vez que os gestores podem incluir no estatuto social uma "cláusula pétrea" que impede a alteração ou remoção das poison pills, o que pode levar ao entrincheiramento gerencial, mantendo privilégios de gestores em detrimento dos interesses de acionistas minoritários, incluindo aumentos nos níveis de remuneração dos executivos. Para testar nossas hipóteses, usamos uma amostra de 217 companhias abertas brasileiras listadas na B3, com dados disponíveis na base de dados Bloomberg® e no site da Comissão de Valores Mobiliários entre 2010 e 2017. Nós utilizamos a remuneração total, fixa e variável como proxies para a remuneração de executivos. No entanto, para mitigar diversos outliers dessas variáveis, utilizamos a regressão quantílica como uma alternativa robusta à extrema sensibilidade do estimador de mínimos quadrados ordinários a modestas quantidades de outliers. Nossos principais resultados evidenciam que as poison pills influenciam positivamente a remuneração total, fixa e variável dos executivos. Além disso, de forma exploratória, nossos resultados mostram que poison pills, quando associadas às cláusulas “pétreas”, também têm uma influência positiva sobre as proxies de remuneração de executivos. Esses resultados são consistentes com a hipótese de entrincheiramento de que, quando protegidos em suas posições, os gestores podem obter benefícios privados à custa dos acionistas, como níveis mais altos de remuneração. Nesse sentido, nosso estudo contribui para a literatura ao evidenciar que embora reduzam o risco de takeover hostil, as poison pills estão incorrendo em um custo adicional de agência para os acionistas que nem sempre leva à redução de conflitos entre gestores e acionistas, ao passo que esses dispositivos anti-takeover parecem não estar sendo adotados no contexto brasileiro para beneficiar os acionistas, mas para proteger os gestores em suas posições.