ID: 63936
Autoria:
Kely César Martins de Paiva, Jefferson Rodrigues Pereira, José Vitor Palhares dos Santos, Letícia Rocha Guimarães.
Fonte:
Reuna, v. 26, n. 3, p. 26-54, Julho-Setembro, 2021. 29 página(s).
Palavras-chave:
Assédio Moral , Assédio Sexual , Organizações , Peculiaridades , Violência
Tipo de documento: Artigo (Inglês)
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Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar as peculiaridades do assédio moral enquanto forma de violência oculta no contexto organizacional brasileiro, baseado em um estudo de casos múltiplos. Foi realizada uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa. Para tanto, o corpus analítico do estudo foi composto pelo conjunto de dados oriundos de 27 entrevistas realizadas com sujeitos que foram vítimas de assédio em organizações brasileiras durante o ano de 2018. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra para que o corpus discursivo pudesse ser submetido à Análise Linguística do Discurso. No contexto brasileiro, as práticas de assédio possuem uma série de peculiaridades, todas elas amparadas e legitimadas tendo como base aspectos culturais, além de uma legislação deficitária e uma fraca (ou inexistente) atuação governamental e/ou empresarial na tentativa de sanar, ou ao menos minimizar, esse perverso fenômeno. Frente a esse contexto, buscou-se lançar luzes sobre pontos turvos e pouco discutidos, tanto nos âmbitos organizacional e social, como acadêmico. Isso diz respeito aos silenciamentos de todos os atores envolvidos pelo tema do assédio; parece tratar-se de um "lado cego e surdo" das organizações brasileiras e, este estudo e os demais que tratam do tema, tentam romper com esse silêncio ensurdecedor que pessoas e organizações fazem acerca de tal fenômeno, por motivos diversos e com consequências de variadas ordens. Soma-se a isso as dificuldades de acesso a pessoas que vivenciaram o assédio, escamoteando o próprio estudo sobre o tema que não deixa de assumir um tom de denúncia e engajamento para além da academia brasileira.