ID: 9656
Autoria:
Adriana Vinholi Rampazo, Elisa Yoshie Ichikawa.
Fonte:
Cadernos EBAPE.BR, v. 11, n. 1, p. 104-127, Janeiro-Março, 2013. 24 página(s).
Palavras-chave:
Deslocamento compulsório , Identidade , Organizações , Simbolismo , Usina hidrelétrica
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Para a construção da Usina Hidrelétrica Salto
Santiago, localizada na região centro-sul do Paraná na década de 1970,
foi necessário deslocar os ribeirinhos que ali viviam para dar lugar ao
seu reservatório. Este artigo tem por objetivo analisar o papel de
diferentes organizações na (re)construção da identidade dos ribeirinhos
deslocados compulsoriamente de seus territórios para dar lugar a esse
reservatório. Para tanto, leva-se em conta que a identidade é construída
e reconstruída dentro do espaço social a partir do desejo do Outro que,
ao ser reconhecido pelo sujeito como legítimo, internaliza suas
práticas, ações e visão de mundo e, portanto, seu habitus. Em
termos metodológicos, foi conduzido um estudo qualitativo que envolveu
levantamento documental e entrevistas semiestruturadas utilizando as
técnicas da história oral com os ribeirinhos e com os representantes das
principais organizações presentes hoje no local. Os dados coletados
foram interpretados a partir das regras da hermenêutica filosófica de
Gadamer, interligando o individual ao geral, e vice-versa, assim como o
objetivo com o subjetivo. Por fim, em termos de conclusões, com base na
história contada pelos ribeirinhos e pelos representantes das
organizações pesquisadas, mostra-se como se deu a (re)construção das
identidades dos ribeirinhos naquele espaço. Assim, foi possível
constatar como a construção da Usina Salto Santiago e o consequente
deslocamento de parte dos ribeirinhos produziu, devido à entrada de
novas organizações naquele território, modificações em suas identidades.