ID: 56269
Autoria:
Leandro Dias Guia, José Alves Dantas.
Fonte:
Revista Contabilidade & Finanças - USP, v. 31, n. 82, p. 33-49, Janeiro-Abril, 2020. 17 página(s).
Palavras-chave:
ativos fiscais diferidos (AFDs) , bancos , valor de mercado , value relevance
Tipo de documento: Artigo (Português)
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O objetivo desta pesquisa foi investigar a relevância informacional do acentuado nível de ativos fiscais diferidos (AFDs) na indústria bancária brasileira, identificando se tais ativos influenciam o valor de mercado das instituições bancárias de capital aberto. A avaliação da relevância informacional dos AFDs na indústria bancária é tema incipiente na literatura nacional e registra resultados conflitantes em pesquisas internacionais. No Brasil, apresenta características notadamente quanto à dimensão das assimetrias entre o lucro contábil e fiscal que justificam a preocupação sobre os efeitos desses ativos no valor de mercado dos bancos. A literatura aponta questionamentos em relação aos AFDs quanto à sua capacidade de geração de benefícios econômicos e de controle da entidade, especialmente na indústria bancária, por não cumprirem a função de intermediação financeira, o que os tornaria desprovidos de substância econômica. Isso sinalizaria potenciais riscos e fragilidades dos bancos, como a redução na qualidade do capital próprio e dos lucros, além de distorções nos indicadores econômico-financeiros, o que justificaria uma percepção negativa por parte dos investidores. Como principal contribuição do estudo para a literatura, pode ser destacada a identificação de que, no mercado brasileiro, as assimetrias entre o resultado tributário e societário dos bancos, origem dos AFDs, impactam negativamente no valor de mercado dessas instituições. Foi testada empiricamente a hipótese de pesquisa no mercado de capitais brasileiro, usando dados de 2000 a 2017 dos bancos de capital aberto, por meio da estimação de dois modelos – Market-to-Book e Ohlson (1995). Os resultados deste estudo demonstraram que, no mercado de capitais brasileiro, há relação negativa entre o estoque de AFDs dos bancos e o valor de mercado dessas entidades, corroborando a hipótese de que os investidores identificam a relevância desses ativos na estrutura patrimonial como sinal de comprometimento da qualidade do capital e do lucro.