ID: 58264
Autoria:
Paulo Frederico Homero Junior, Alexandre de Pádua Carrieri.
Fonte:
Organizações & Sociedade, v. 27, n. 93, p. 199-215, Abril-Junho, 2020. 17 página(s).
Palavras-chave:
Contrarrelato , Relato Integrado , Sustentabilidade
Tipo de documento: Artigo (Português)
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A incorporação do(s) conceito(s) de sustentabilidade aos discursos empresariais tem se caracterizado como um movimento ideológico voltado à legitimação do poder das grandes corporações. Em 2010 o International Integrated Reporting Committee (IIRC) foi organizado com o propósito de criar uma diretriz globalmente aceita para a contabilização da sustentabilidade. Como as teorias da legitimidade apontam que a comunicação desempenha um papel central nos processos de legitimação, neste artigo comparamos a representação da força de trabalho das revendedoras de cosméticos nos relatórios corporativos de 2015 da Natura Cosméticos S/A, uma das corporações brasileiras mais engajadas nas iniciativas do IIRC, aos resultados de pesquisas acadêmicas independentes. Com isso propomos um contrarrelato, ou seja, um discurso a respeito do desempenho organizacional produzido por atores que sejam independentes da gestão da organização. Corroborando o entendimento do IIRC como um empreendimento interorganizacional para legitimar uma definição de sustentabilidade que seja amigável aos negócios, argumentamos que, em seu relato integrado, a Natura celebra a exploração de trabalho precário como uma contribuição para o desenvolvimento sustentável.