ID: 66744
Autoria:
Paschoal Tadeu Russo, José Roberto Leandro, Márcio Luiz Borinelli, Rodrigo Paiva Souza.
Fonte:
Organizações & Sociedade, v. 29, n. 101, p. 359-393, Abril-Junho, 2022. 35 página(s).
Palavras-chave:
controladoria , deliberação , julgamento performativo , orçamento , prática
Tipo de documento: Artigo (Português)
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A pesquisa analisou a prática da deliberação em uma controladoria, especificamente a decisão de substituir uma prática orçamentária por outra, à luz dos julgamentos performativos, em uma empresa de grande porte em São Paulo, ao longo do período entre 2017 e 2020. A pesquisa foi interpretativista, com adoção da estratégia de pesquisa-ação. As técnicas utilizadas para a obtenção das evidências foram observação participante, entrevistas em profundidade (fase inicial da pesquisa) e análise documental. Para descrever os elementos que caracterizam a prática, utilizamos os movimentos de aproximação (zooming in) e distanciamento (zooming out) do campo, alternando lentes teóricas para melhor compreender o todo e os elementos que o compõem. A análise dos dados usou o framework proposto por Bispo (2015). Encontramos quatro fragmentos de práticas que compõem o arranjo material em que a deliberação acontece: prática da gestão financeira, prática da gestão contábil, prática da gestão dos gastos, e prática da gestão da tecnologia de informação. Diferentemente do mainstream da contabilidade gerencial, que assume que a racionalidade é movida por objetivos econômicos, observamos que a deliberação, na controladoria, é impulsionada por uma racionalidade de devir, como um fluxo permanente, construída coletivamente em decorrência de um saber prático e uma capacidade de decisão prática, que constituem a sabedoria e julgamentos práticos, mostrando, simultaneamente, sua fragilidade, quando comparada ao esperado no paradigma econômico, e sua riqueza, ao contemplar o pluralismo e a dinâmica dos contextos em que se insere.