ID: 9120
Autoria:
Antonio Santos Silva, Antonio Carvalho Neto.
Fonte:
Revista de Administração Mackenzie, v. 13, n. 6, p. 20-47, Novembro-Dezembro, 2012. 28 página(s).
Palavras-chave:
Dominação carismática , liderança , Liderança carismática , Organizações sociais , Poder
Tipo de documento: Artigo (Português)
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O presente trabalho pretende discutir o fenômeno liderança sob a
perspectiva da teoria weberiana de dominação carismática. Trata-se a
liderança como relação de poder, no sentido weberiano de autoridade.
Segundo Whimster (2009) o poder constitui um tema recorrente
identificado em toda a obra de Max Weber. Norteiam esse artigo dois
questionamentos específicos: i) a forma como dirigentes e fundadores de
Organizações Sociais (OS) descrevem sua atuação pode ser caracterizada
como um processo de liderança carismática sob a perspectiva de poder de
Weber (2004)?; ii) existe algo na atuação de dirigentes de organizações
sociais que a caracterize como um processo de dominação carismática? O
presente estudo possui abordagem qualitativa, e quanto aos fins, por sua
natureza e estrutura, caracteriza-se como descritivo, e foi viabilizado
através de entrevistas semi-estruturadas aplicadas a nove sujeitos em
sete OS. Como objeto de pesquisa tomou-se sete Organizações Sociais da
Região Metropolitana de Belo Horizonte, dentre as maiores do setor, e
como sujeitos os seus gestores principais. O resultado da pesquisa
sugere que, dos entrevistados, todos com longa trajetória de fundadores e
condutores de OS, apenas dois, representam um tipo característico de
liderança carismática descrita por Weber. Ainda assim, estão sofrendo
limites da estrutura da OS, que devido à interface natural com o meio
ambiente organizacional, teve que se transformar, teve que burocratizar,
para oferecer prestação de contas pelos recursos captados. Os demais
situam o discurso numa escala progressiva entre carisma e
burocratização, num processo já previsto por Weber (2004). Constatou-se,
também, que o modelo de autoridade em OS obedece a um processo de
transição. Outrora especificamente carismática, hoje se manifesta de
forma mais burocrática que anteriormente, limitada por artifícios da
legalidade, menos voluntária e mais assalariada. O trabalho social
realizado com boa vontade e heroísmo, até pouco tempo, está cedendo
espaço à profissionalização dos gestores. Todavia, a santidade e o
heroísmo weberiano ainda resistem no século XXI e podem ser base de
questionamentos para muitos processos de humanização nas organizações.