ID: 50932
Autoria:
Terence Machado Boina, Marcelo Alvaro da Silva Macedo.
Fonte:
Revista Contabilidade & Finanças - USP, v. 29, n. 78, p. 375-389, Setembro-Dezembro, 2018. 15 página(s).
Palavras-chave:
accruals , capacidade preditiva , fluxo de caixa , IFRS , qualidade da informação contábil
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Este estudo objetivou analisar e avaliar a capacidade preditiva de accruals discricionários (AD) e não discricionários (AND) em predizer fluxos de caixa futuros antes e após as International Financial Reporting Standards (IFRS) no Brasil. Este estudo justifica-se em função da escassez de estudos no Brasil nessa temática e é relevante porque pretendeu elucidar se as mudanças ocorridas devido à convergência às IFRS no Brasil trouxeram melhoria da qualidade das informações contábeis. As escolhas contábeis de gestores e contadores no mercado acionário brasileiro, facultadas pelas IFRS, contribuem para uma aparente melhoria da qualidade da informação contábil em termos de confiabilidade, representação fidedigna da posição patrimonial e financeira da entidade e, principalmente, utilidade preditiva para estimação de fluxos de caixa futuros. A população foi constituída por empresas de capital aberto listadas na Bovespa e Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA) nos anos de 2004 a 2007 e 2010 a 2015, respectivamente, sendo excluídas aquelas dos setores de “finanças e seguros” e “fundos” e ainda empresas consideradas holding para a formação da amostra não probabilística por conveniência (715 empresas). Os dados foram agrupados/combinados (pooling/pooled) por ano, pois contêm empresas diferentes ao longo da série temporal (painel desbalanceado). Verificou-se que os AD e AND produzidos antes das IFRS são negativos e estatisticamente significativos para prever fluxos de caixa futuros no mercado acionário brasileiro, o que indicava gerenciamento de resultados do tipo oportunístico/contratual. Uma das possíveis explicações para esse fato seria a influência de entidades tributárias governamentais (fisco) nas normas contábeis brasileiras, o que poderia induzir gestores a manipular resultados contábeis com o objetivo de reduzir lucros com vistas a pagar menos tributos, por exemplo. Já os AD e AND produzidos após as IFRS, com menor ascendência do fisco, são positivos e estatisticamente significativos para prever fluxos de caixa futuros no mercado acionário brasileiro, sinalizando motivação de escolhas contábeis discricionárias sob o aspecto informacional. Averiguou-se, também, que AD e AND correntes acrescentam poder informacional em comparação com os accruals agregados correntes. Ainda, identificou-se que AD e AND correntes originados após as IFRS, em comparação com os accruals agregados correntes, têm ganho informacional em relação àqueles produzidos antes.