ID: 57159
Autoria:
Lanna Beatriz Lima Peixoto.
Fonte:
Gestão e Desenvolvimento, v. 13, n. 1, p. 56-65, Janeiro-Junho, 2016. 10 página(s).
Palavras-chave:
Cidade , Habitar , Marajó , Memória , Sensível
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Este trabalho traz uma reflexão acerca da cidade e das experiências sensíveis que a delineiam. Em foco Salvaterra e Damasceno. Ela é cidade localizada no Arquipélago do Marajó, Estado do Pará, Brasil. Ele é homem que nada vê, mas tudo percebe. Uma cegueira o acometeu quando jovem, sem poder ver anda pela cidade de pés descalços para não errar o caminho, da época que podia ver lembra-se dela em detalhes, das esquinas, das cores, dos mercados, dos rostos. Narra a Salvaterra da memória. Hoje, a cidade para ele são seus cheiros, a rugosidade dos asfaltos, a voz dos moradores, Damasceno nunca se perde por suas ruas, nem tropeça por terrenos acidentados, inscreve-se no lugar e vice-versa. As mudanças espaciais, as marcas do tempo, a arquitetura das casas, a localização de uma árvore e mais uma infinidade de rastros contam a história dos seus habitantes. Seu território é constituído por lugares emocionalmente vividos onde ocorre a sociação que afronta a passagem do tempo, sedimenta as histórias passadas, reúne pessoas em rituais diários, dinamizam o espaço. São afetos, conflitos, a série de dramas sociais vividos no lugar que o delineiam, para além de toda a infraestrutura que a cidade proporciona. Antes de ser constituída pelas entidades e instituições é composta de interações e sensações somente isoladas abstratamente. Seus habitantes não são meros espectadores das transformações e imposições de um urbano devastador. É antes como escritura, onde autores e leitores se confundem e se entrecruzam, onde se emaranham trajetórias em diferentes tempos e espaços.