ID: 20577
Autoria:
Miguel Rivera Peres Jr., José Roberto Pereira, Lucas Canestri Oliveira.
Fonte:
Revista de Administração Mackenzie, v. 14, n. 6, p. 18-49, Novembro-Dezembro, 2013. 32 página(s).
Palavras-chave:
Dualidade da estrutura , Gestão Social , Práticas sociais , Sistema Deliberativo , Teoria da Estruturação
Tipo de documento: Artigo (Português)
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A Gestão Social – como campo de estudo e como prática social – tem buscado se consolidar como um tipo de gestão pública não estatal, em que a sociedade é a protagonista da ação. Grande parte dos estudos da área fundamenta-se na perspectiva crítica, em especial na teoria da ação comunicativa de Habermas. Pretende-se, aqui, indicar um novo caminho teórico para a análise da Gestão Social, fundamentado na Teoria da Estruturação, proposta pelo sociólogo inglês Anthony Giddens. Tendo entre seus principais pressupostos a dualidade da estrutura (a estrutura é, ao mesmo tempo, meio e resultado da ação) e o reconhecimento da ação humana como intencional, reflexiva e cognoscitiva, entende-se que a perspectiva estruturacionista fornece subsídios consistentes para a compreensão das práticas de Gestão Social, especialmente, no que diz respeito ao processo de estruturação do sistema deliberativo e da formação da esfera pública, bases de sustentação teórica da Gestão Social. Para viabilizar essa nova abordagem, este artigo propõe um arcabouço teórico que incorpora o sistema deliberativo de Mansbridge (1999) ao modelo estruturacionista multidimensional de sistemas sociais de Whittington (1992). Nesse arcabouço, à semelhança do que foi estabelecido por Whittington (1992) para os demais sistemas sociais, são definidos as regras e recursos básicos (as propriedades estruturadas na perspectiva giddensiana) do sistema deliberativo, respectivamente, argumentação deliberativa e participação dialógica. O arcabouço sugere, ainda, que essas propriedades são, simultaneamente, meio e resultado das práticas de gestão social (entendida como ação gerencial dialógica) configurando aquela que é a concepção central da Teoria da Estruturação: a noção de dualidade da estrutura. Com seu framework, Whittington (1992) entende que está “colocando Giddens em ação”, contribuindo para que a Teoria da Estruturação seja utilizada em pesquisas empíricas, não se restringindo às discussões ontológicas. Com a agregação de um sistema deliberativo a esse modelo, acredita-se que se possa contribuir para a consolidação da Gestão Social, estabelecendo uma interface teórica profícua com a Teoria da Estruturação.