ID: 54857
Autoria:
Priscila Cabral Almeida, Rodrigo de Carvalho Oliveira.
Fonte:
Revista Interdisciplinar de Gestão Social, v. 8, n. 2, p. 31-56, Maio-Agosto, 2019. 26 página(s).
Palavras-chave:
Ditadura Civil-Militar Brasileira , Etnografia , Intervenção Artística , Patrimônio , Resistência
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Os projetos e processos de construção de lugares de memória da resistência em Salvador, referentes às memórias das vítimas da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), fazem parte de um repertório de políticas públicas de memória construído no contexto de aprofundamento da justiça de transição do país e impulsionado, no início dos anos 2000, pela Comissão de Anistia do Ministério de Justiça. O objetivo deste ensaio é interpretar as expressões construídas e desconstruídas nestes lugares de memória em Salvador, as quais, apesar de representarem uma forma de reparação simbólica às vítimas e de fortalecimento de narrativas pedagógicas em torno da cultura dos direitos humanos, nunca “saíram do papel”. O arcabouço teórico mobilizado neste ensaio faz referência aos debates em torno da memória social, nos quais o conceito de lugares de memória é operacionalizado para compreender as disputas de grupos em torno da patrimonialização e construção de bens culturais nestes espaços. As primeiras seções do ensaio fazem referência à pesquisa etnográfica sobre os processos de construção dos lugares de memória da resistência em Salvador e sua ressonância quando aplicada no processo de ensino-aprendizagem no componente de Estudos sobre a Contemporaneidade II, no IHAC-UFBA. Na última seção, descreve-se a intervenção artística desenvolvida como desdobramento da experiência em sala de aula, nos lugares de memória da resistência em Salvador (Monumento Tortura, Casa Marighella, Casas do Pelourinho e Quartel do Forte do Barbalho), a partir do entrecruzamento entre fotografias e narrativas. Como contribuição final, aponta-se para novas formas de leitura e expressão sobre a temática sensível da ditadura civil-militar, marcada pela prática interdisciplinar e que visibiliza e cria novas formas de práticas no espaço urbano, assim como acena para os desafios da institucionalização dos lugares de memória da resistência para os campos do patrimônio cultural e da gestão social.