Título Inglês:
Merit is not for Everyone: The Perception of Black Managers About their Process of Career Mobility
Resumo:
O artigo analisa, a partir de uma pesquisa realizada em Belo Horizonte com 25 gerentes negros, como o discurso de ascensão profissional é fundado na ideia de um mérito pessoal. Através de autores como Pierre Bourdieu, Jessé Souza e Carlos Hasenbalg, a investigação analisou, a partir desta problemática central, os pressupostos, as funcionalidades e o caráter produtivo que a ideia de mérito pessoal assume no discurso dos entrevistados. Os resultados obtidos apontam, no discurso dos gestores, para uma percepção acerca do processo de ascensão profissional com fortes componentes meritocráticos, percepção esta que ignora ou minimiza as pré-condições sociais, emocionais, morais e econômicas que interferem no desempenho diferencial obtido pelos indivíduos. Acrescenta-se, ainda, que esta percepção implica em uma desqualificação de qualquer argumentação que reforce as barreiras raciais em seus processos de ascensão profissional, o que contribui para ocultar a dimensão política, econômica e social do racismo no país.
Resumo Inglês:
Based on research conducted in Belo Horizonte, with 25 black managers, this article analyzes how the career mobility discourse is based on the idea of personal merit. Considering this central problem and authors such as Pierre Bourdieu, Jessé Souza and Carlos Hasenbalg, the research analyzed the assumptions, functionalities and productive character that the idea of personal merit assumes in the interviewees' discourse. The results obtained point to a perception of the process of moving up in the organization career path that has strong meritocratic components; a perception that ignores or minimizes the social, emotional, moral and economic preconditions that interfere in the differential performance obtained by individuals. Moreover, this perception implies a disqualification of any argument that reinforces the racial barriers in their upward career mobility processes, which contributes to conceal the political, economic and social dimension of racism in the country.
Citação ABNT:
SOUZA, A. A.; DIAS, R. C. P. Merit is not for Everyone: The Perception of Black Managers About their Process of Career Mobility. Organizações & Sociedade, v. 25, n. 87, p. 551-567, 2018.
Citação APA:
Souza, A. A., & Dias, R. C. P. (2018). Merit is not for Everyone: The Perception of Black Managers About their Process of Career Mobility. Organizações & Sociedade, 25(87), 551-567.
Link Permanente:
http://www.spell.org.br/documentos/ver/51424/merito-nao-e-para-qualquer-um--a-percepcao-de-gerentes-negros-sobre-o-seu-processo-de-ascensao-profissional/i/pt-br
Referências:
AZEVEDO, T. As elites de cor numa cidade brasileira: um estudo de ascensão social & classes sociais e grupos de prestígio. Salvador: EDUFBHA-EGBA, 1996.
BARBOSA, L. Igualdade e meritocracia: a ética do desempenho nas sociedades modernas. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 2003.
BASTIDE, R; FERNANDES, F. Relações entre negros e brancos em São Paulo. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1955.
BENTO, M. A. S. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre a branquitude e branqueamento no Brasil. 2. ed. Petropólis: Editora Vozes, 2003. p. 25-55.
BENTO, M. A. S. Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. 2002. 178f. Tese (Doutorado) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. Porto Alegre: Zouk, 2013.
COSTA PINTO, L. O negro no Rio de Janeiro: relações de uma raça numa sociedade em mudança. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1953.
DIEESE. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. A situação do trabalho no Brasil. São Paulo, 2001.
FERNANDES, F. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Editora Ática, 1965.
FREYRE, G. [1936]. Sobrados & Mucambos: decadência do patriarcado e desenvolvimento do urbano. Global: São Paulo. 2006.
GUIMARÃES, A. S. A. Políticas públicas para ascensão dos negros no Brasil: argumentando pela ação afirmativa. Salvador: Afro-Asia, UFBA, 1996.
GUIMARÃES, A. S. A. Racismo e anti-racismo no Brasil. São Paulo: Editora 34, 1999.
HASENBALG, C. A. O negro no Rio de Janeiro: revisitando o projeto UNESCO. In: HASENBALG, C. A; SILVA, N do V.; LIMA, M. (org). Cor e estratificação social. Rio de Janeiro: Contra Capa Liv. 1999. p. 60-85.
HASENBALG, C. Discriminação e desigualdade raciais no Brasil. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.
MARTINS, A. R. N. Racismo e imprensa - argumentação no discurso sobre as cotas para negros na universidade. In: SANTOS, A. S. dos (org.). Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas. Brasília: Ministério da Educação, 2005. p. 179-208.
OSÓRIO, R. G. A mobilidade social dos negros brasileiros.IPEA - Texto para Discussão n. 1033. Brasília, 2004. . Acess on: May 21 2004.
RODRIGUES, F. Racismo cordial. In: TURRA, C.; VENTURI, G. (org.). Racismo cordial: a mais completa análise sobre o preconceito de cor no Brasil. São Paulo: Editora Ática. 1995. p. 11-56.
SANTOS, J. R. O negro como lugar. In: MAIO, M.; SANTOS, R. Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1995.
SOUZA, J. de. A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.
WEBER, M. A Ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Cia das Letras, 2004.
WEBER, M. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Editora UNB, v. 1, 2012.
WEBER, M. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Editora UNB, v. 2, 1999.