Resumo:
Este estudo teve como objetivo principal explorar o processo de transferência de conhecimento entre a subsidiária e a matriz, no âmbito das multinacionais brasileiras, identificando os mecanismos de transferência de conhecimento mais utilizados, bem como as barreiras existentes nesse processo, comparando-se as subsidiárias adquiridas com as greenfield. Salienta-se que estudos apontam que existem diferenças no processo de transferência de conhecimento devido à forma de origem das unidades estrangeiras. Para isso, realizou-se uma survey entre 2006 e 2007, cuja amostra foi de 66 subsidiárias de multinacionais brasileiras com atividades no exterior. Sobre os resultados, em relação à transferência de conhecimento da matriz para a subsidiária, observa-se que as reuniões com os principais executivos da matriz e a recepção de brasileiros executivos são as duas práticas mais utilizadas em ambos os tipos de unidades. As barreiras à transferência de conhecimento existem de forma branda, sendo mais evidentes no caso das subsidiárias adquiridas. A resistência cultural é a mais eminente. No caso das unidades adquiridas, a estrutura hierárquica é vista como uma barreira, provavelmente refletindo uma postura centralizadora da matriz, enquanto, nas unidades greenfield, a falta de incentivos para o compartilhamento de conhecimento é evidenciado. Além disso, a síndrome do “não inventado” aqui é uma barreira percebida pelas unidades adquiridas.
Resumo Inglês:
The main purpose of this study was to explore the knowledge transfer process between the subsidiaries and the headquarter of Brazilian multinationals, and to identify the most used mechanisms for transferring knowledge. This paper also aims to point out existing barriers in this process, comparing acquired subsidiaries to the greenfield ones. International studies have shown differences in the process of knowledge transfer due to the origin of foreign units (entry mode). We surveyed in 2006 and 2007 a sample of 66 Brazilian subsidiaries of multinationals with overseas activities. As a result, the knowledge transfer from the headquarter to the subsidiary has occurred through meetings with top executives and the reception of Brazilian executives in both types of units. The barriers to knowledge transfer are bland, being clearer in acquired subsidiaries. Cultural resistance is the most prominent. When we focus on the acquired units, the hierarchical structure is seen as a barrier, probably reflecting the centralized attitude by the headquarters. At the same time, the lack of incentives for sharing knowledge is more evident in greenfield units. Also, the syndrome of not invented here is a perceived barrier by acquired units.
Citação ABNT:
SILVA, N. B.; FLEURY, M. T. L. Estratégias de transferência de conhecimento em multinacionais brasileiras: estudo comparativo entre as subsidiárias adquiridas e as greenfield. InternexT - Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da ESPM, v. 7, n. 1, p. 1-33, 2012.
Citação APA:
Silva, N. B., & Fleury, M. T. L. (2012). Estratégias de transferência de conhecimento em multinacionais brasileiras: estudo comparativo entre as subsidiárias adquiridas e as greenfield. InternexT - Revista Eletrônica de Negócios Internacionais da ESPM, 7(1), 1-33.
Referências:
ANDERSSON, U.; FORSGREN, M.; HOLM, U. The strategic impact of external networks: subsidiary performance and competence development in the multinational corporation. Strategic Management Journal, v.23, pp. 979-996, 2002.
ANG, Z.; MASSINGHAM, P. National culture and the standardization versus adaptation of knowledge management. Journal of Knowledge Management, v.11, n.2, 2007.
BABBIE, E. Métodos de pesquisas de survey. Belo Horizonte: UFMG, 2005.
BARNEY, J. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, v.17, n.1, pp.99-120, 1991.
BHAGAT, R. S.; ENGLIS, P.; KEDIA, B. L. Creation, diffusion, and transfer of organizational knowledge in transnational and global organizations. Management: International Perspectives, pp.101-25, 2007.
BHAGAT, R. S.; HAVERSTON, P. D.; TRIANDIS, H. C. Cultural variations in the cross-border transfer of organizational knowledge: an integrative framework. Academy of Management Review, v.27, n.2, pp.21-204, 2002.
BIRKINSHAW, J. Entrepreneurship in Multinational Corporations: the Initiative Process in Foreign Subsidiaries. The University Western of Ontario, Faculty of Graduate Studies. London: TESE, March, 1999.
BIRKINSHAW, J.; NOBEL, R.; RIDDERSTRALE, J. Knowledge as a contingency variable: do the characteristics of knowledge predict organization structure? Organization Science, pp.3-13, mai/jun, 2002.
BIRKINSHAW, Julian and HOOD, Neil. Multinational Corporate Evolution and Subsidiary Development. London: Macmillan Press, 1998.
BJORKMAN, I; BARNER-RASMUSSEN, W.; LI, L. Managing Knowledge Transfer in MNCs: The Impact of Headquarters Control Mechanisms. Journal of International Business Studies, v.35, pp.443-5, 2004.
BORINI, F. M. Transferência, desenvolvimento e reconhecimento de competências organizacionais em subsidiárias estrangeiras de multinacionais brasileiras. São Paulo, 2008. Tese (Doutorado em Administração). Programa de Pós-Graduação em Administração. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
BRESMAN, H. Decade Award Winning Article. Knowledge transfer in international acquisitions. Journal of International Business Studies, v.41, pp. 5–20, 2010.
BRESMAN, H.; BIRKINSHAW, J.; NOBEL, R. Knowledge transfer in international acquisitions. Journal of International Business Studies, pp.3-30, 1999.
CHAI, K.; GREGORY, M.; SHI, Y. Bridging Islands of Knowledge: A Framework of Knowledge Sharing Mechanisms. International Journal of Technology Management, v.25, n.8, pp.703-27, 2003.
FLEURY, A. Gestão empresarial para a internacionalização das empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2010.
GARVIN, D. Building learning organization in BARTLETT, C.; GHOSHAL, S. Transnational management: text, cases, and readings in cross-border management. 3 ed. Boston: McGraw-Hill, 2000.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
GUPTA, A.; GOVINDARAJAN, V. Knowledge flows within multinational corporations. Strategic Management Journal, v.21, apr., 2000.
HAIR JR. J.; BABIN, B.; MONEY, A.; SAMOUEL, P. Fundamentos de métodos de pesquisa em Administração. Porto Alegre: Bookman, 2006.
HITT, M.; IRELAND, R.; HOSKISSON, R. Administração estratégica: competitividade e globalização. 2ed. São Paulo: Thomson Learning: Cengage Learning, 2008.
HOFSTEDE, G. Culture’s consequences: comparing values, behaviors, institutions and organizations across nations. Estados Unidos: Sage, 2001.
HOLDEN, N.; VON KORTZFLEISCH, H. Why cross-cultural knowledge transfer is a form of translation in more way than you think. Knowledge and Process Management, v. 11, n. 2, pp. 127-36, 2004.
HOLSAPPLE, C.; JOSHI, K. A knowledge management ontology. In: Handbook on knowledge management I. Org: Clyde W. Holsapple, springer, 2003.
LANE. Absortive capacity, learning and performance in international joint ventures. Strategic Management Journal, v.22, 2001.
MALHOTRA, N. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
MEYER, K.; WRIGHT, M.; PRUTHI, S. Managing knowledge in foreign entry strategies: a resource-based analysis. Strategic Management Journal, v.30, pp.557– 74, 2009.
MINBAEVA, D.; PEDERSEN, T.; BOJÖRKMAN, I.; FEY, C.; PARK, H. MNC knowledge transfer, subsidiary absorptive capacity and HRM. Journal of International Business Studies, v.34, pp.586-99, 2003.
NEWMAN, B. Agents, artifacts and transformations: the foundations of knowledge flows. In: Handbook on knowledge management I. Org: Clyde W. Holsapple, springer, 2003.
NOHRIA, Nitin; GHOSHAL, Sumantra. The differentiated network: organizing multinational corporations for value creation. San Francisco: Jossey-Bass, 1997.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H.. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
OLIVEIRA JUNIOR, M. Internacionalização de Empresas Brasileiras: o papel da subsidiária. São Paulo, 2009. Tese de Livre Docência. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
ROOT, F. Entry Strategies for International Markets. San Francisco, USA: JOSSEY BASS, 1994.
RUGMAN, A.; VERBEKE, A. Subsidiary-specific advantages in multinational enterprises. Strategic Management Journal, v.22, pp.237-50, 2001.
SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C.F.; LUCIO, P.B. Metodologia de Pesquisa. 3ed. São Paulo: Mc Graw-Hill, 2006.
SUMELIUS, J.; SARALA, R. Knowledge development in MNC subsidiaries: the influence of MNC internal and external knowledge and controls mechanisms. Thunderbird International Business Review, v.50, n.4, jul/aug, 2008.