ID: 75824
Autoria:
Cynthia Adrielle da Silva Santos, Alessandra Costa, Luiz Alex Silva Saraiva.
Fonte:
Organizações & Sociedade, v. 31, n. 108, p. 0-0, Janeiro-Março, 2024. 1 página(s).
Palavras-chave:
abordagem histórico-discursiva , empresas jornalísticas , estudos organizacionais , passado
Tipo de documento: Artigo (Inglês)
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O artigo tem por objetivo analisar o Editorial “1964” da Folha de SãoPaulo à luz da Abordagem Histórico-Discursiva (AHD), lastreando a discussão nos conceitos de discurso, mídia e história e a historiografia sobre imprensa e ditadura. Este texto, publicado em 30 de março de 2014, às vésperas do aniversário de cinquenta anos do golpe de 1964, se insere em um movimento mais amplo, que engloba também outros jornais da grande imprensa, de reavaliação e reescrita da sua história durante o período da ditadura militar brasileira (1964-1985). A metodologia empregou os oito estágiosda AHD e suas cinco questões centrais. A partir da identificação de três macrotópicos dicotômicos (apoio à ditadura militar como erro versus apoio como longo e doloroso aprendizado; violências do regime versus realizações econômicas; e disputa entre socialismo revolucionário versus economia de mercado) e das estratégias discursivas utilizadas (predicação, argumentação, perspectiva, intensificação e mitigação), foi possível observar que o jornal discursivamente: a) invisibiliza os problemas causados pelo regime militar; b) enfatiza o crescimento econômico vivenciado pelo país no período e; c) justifica suas ações atrelando-as ao contexto da época, o que evanta questionamentos sobre o exame de sua posição. As principais conclusões sugerem que a ambiguidade com que a empresa se posiciona, de atenuação de sua contribuição para o regime militar e, ao tempo, de intensificação do seu papel democrático, faz sentido à luz da estratégia empresarial contextualizada e que deve ser considerada na discussão sobre as interfaces entre discurso, mídia e história.