ID: 57931
Autoria:
Carla Sofia Ferreira Queirós.
Fonte:
Revista Rosa dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, v. 12, n. 2, p. 448-461, Abril-Junho, 2020. 14 página(s).
Palavras-chave:
Diocese , Lamego, Douro, Portugal , Património , Retábulo , Talha , Turismo
Tipo de documento: Artigo (Português)
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Determinante na valorização histórica e cultural de um país, o turismo assume, cada vez mais, um papel crucial na identidade de um povo. Numa região em que a paisagem é património mundial e também a primeira região demarcada do mundo, o Douro, procuramos dar a conhecer um património frequentemente esquecido, a talha dourada, e estabelecer um roteiro ou percurso retabular. Assumindo um papel dominante na leitura que os fiéis fazem de toda a cenografia que lhes é posta diante dos olhos, à qual não podem ficar indiferentes, concebido para servir de enquadramento às imagens, o objetivo do retábulo é cativar os sentidos, funcionando como o melhor veículo transmissor da mensagem catequética e pedagógica que a Igreja Católica, saída do Concílio de Trento, encontrou para expressar a sua Fé, e acabando por se tornar na estrutura cenográfica preferencial, na qual a Igreja deteve a sua maior preocupação. Comum por todo o mundo ibérico, apesar de se manifestar de forma diferenciada, o retábulo de talha dourada contribui de forma significativa para a afirmação de uma época e de uma identidade, o que o distingue de muitas outras artes. É através da partilha e vivência do património que entenderemos, seguramente melhor, quem fomos, quem somos e para onde caminhamos, tal como os nossos antepassados que, ciosos de um Estado autêntico, rico é certo, em algumas épocas, mas também passando por graves dificuldades económicas, políticas e financeiras, nunca perderam a sua identidade cultural; bem pelo contrário, construíram-na, reconstruíram-na, reabilitaram-na e preservaram-na. A diocese de Lamego, situada na sub-região do Douro e próxima dos rios Douro, Côa, Távora e Paiva, estendendo-se de Cinfães a Vila Nova de Foz Côa, é fundamental para o desenvolvimento turístico, já que quem a visita, em primeira instância, tem como finalidade desfrutar da paisagem e saborear o vinho, mas acaba por se deixar envolver por todas as manifestações culturais que abrangem o património material e imaterial. Um roteiro de meditação, de contemplação, de exercício e degustação.