Resumo:
Este ensaio apresenta recomendações quanto à contabilização de operações que envolvem bitcoins, em conformidade com as normas internacionais de contabilidade (International Financial Reporting Standards [IFRS]), e analisa seus principais aspectos tributários. Não existe nenhum pronunciamento específico por parte do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (International Accounting Standards Board [IASB]) ou do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) sobre o tratamento contábil a ser aplicado nas operações com uso dessas moedas. O bitcoin constitui interesse para os economistas como uma moeda virtual com potencial de perturbar os sistemas de pagamento existentes e até os sistemas monetários. Este ensaio contribui com os normatizadores e com o fisco ao proporcionar fundamentação para uma possível emissão de orientação ao tratamento contábil de operações com bitcoins, bem como ao definir o tratamento fiscal pertinente; além disso, ele contribui com profissionais contábeis ao orientar a política contábil a ser adotada nessas operações. Aqui, a análise das características dos bitcoins é comparada com as diretrizes e os conceitos das IFRS, para elaborar a recomendação do tratamento contábil, e sugere que o procedimento mais adequado seria o de moeda estrangeira, o que contraria o tratamento tributário adotado até então pela Receita Federal do Brasil e o Internal Revenue Service (IRS) dos Estados Unidos da América (EUA), que sugerem o tratamento das moedas virtuais como bens e não como moedas. Ressalta-se que essa contradição pode ocasionar riscos tributários aos contribuintes.
Citação ABNT:
PELUCIO-GRECCO, M. C.; SANTOS NETO, J. P. D.; CONSTANCIO, D. Contabilização de 'Bitcoins' à Luz das IFRS e Aspectos Tributários. Revista Contabilidade & Finanças, v. 31, n. 83, p. 275-282, 2020.
Citação APA:
Pelucio-grecco, M. C., Santos Neto, J. P. D., & Constancio, D. (2020). Contabilização de 'Bitcoins' à Luz das IFRS e Aspectos Tributários. Revista Contabilidade & Finanças, 31(83), 275-282.
DOI:
https://doi.org/10.1590/1808-057x201909110
Link Permanente:
https://www.spell.org.br/documentos/ver/56962/contabilizacao-de--bitcoins--a-luz-das-ifrs-e-aspectos-tributarios/i/pt-br
Referências:
AM: Universidade Federal do Amazonas. PricewaterhouseCoopers. (2015, September). Money is no object: understanding the evolving cryptocurrency market. Recuperado de https://www.pwc.com/us/en/industries/financial-services/ library/cryptocurrency-evolution.html
Aquino, T. (1995). O ente e a essência (Coleção Os Pensadores). São Paulo, SP: Nova Cultural.
Arief, B., Gacek, C., & Lawrie, T. (2004). The many meanings of open source. IEEE Software, 21(1), 34-40.
Australian Accounting Standards Board. (2018). Digital currency: a case for standard setting activity. Recuperado de https:// www.ifrs.org/-/media/feature/meetings/2018/may/eeg/ap2ddigital-currencies-paper.pdf
Azam, R. (2012). The political feasibility of a global e-commerce tax. University of Memphis Law Review, 43(3), 711-754.
Bal, A. M. (2014). Taxation of virtual currency. Leiden, Netherlands: Leiden University.
Balcilar, M., Bouri, E., Gupta, R., & Roubaud, D. (2017). Can volume predict bitcoin returns and volatility? A quantilesbased approach. Economic Modelling, 64, 74-81.
Boff, S. O., & Ferreira, N. A. (2016). Análise dos benefícios sociais da bitcoin como moeda. Anuario Mexicano de Derecho Internacional, 16, 499-523.
Böhme, R., Christin, N., Edelman, B., & Moore, T. (2015). Bitcoin: economics, technology, and governance. Journal of Economic Perspectives, 29(2), 213-238.
Borges, L. M., & Silva, L. G. D. (2016). O regime jurídico tributário aplicável às criptomoedas. Florianópolis, SC: Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito.
Campos, G. I. R. V. (2015). Bitcoin: consequências jurídicas do desenvolvimento da moeda virtual. Revista Brasileira de Direito, 11(2), 77-84.
Chaum, D. (1983). Blind signatures for untraceable payments. New York, NY: Plenum.
Ciaian, P., Rajcaniova, M., & Kancs, D. A. (2016). The economics of BitCoin price formation. Applied Economics, 48(19), 17991815.
Cieśla, K. (2017). Bitcoin trading volume. Recuperado de http:// bitcoinity.org/markets
De Morais, C. Y. A., & Brandão, J. B., Neto. (2015). Tributação das operações com criptomoedas. Revista Jurídica Eletrônica da UFPI, 1(7), 41-60.
Instrução Normativa RFB n. 1.888, de 3 de maio de 2019. (2019). Institui e disciplina a obrigatoriedade de prestação de informações relativas às operações realizadas com criptoativos à RFB. Recuperado de http://www.normaslegais.com.br/ legislacao/instrucao-normativa-rfb-1888-2019.htm
International Accounting Standards Board. (2019, January). The annotated issued IFRS standards. London, England: Author. International Financial Reporting Interpretations Committee. (2019, March). IFRIC Update March 2019. Recuperado de https://www.ifrs.org/news-and-events/updates/ifric-updates/ march-2019/
Ly, M. K. M. (2013). Coining bitcoin’s legal-bits: examining the regulatory framework for bitcoin and virtual currencies. Harvard Journal of Law & Technology, 27, 587-608.
Mankiw, N. G. (2009). Macroeconomics. New York, NY: Worth.
Mishkin, F. S. (2011). The economics of money, banking, and financial markets. Boston, MA: Addison Wesley.
Ostroy, J. M., & Starr, R. M. (1990). The transactions role of money. In B. M. Friedman, & F. H. Hahn (Eds.), Handbook of monetary economics (Vol. 1, pp. 3-62). New York, NY: Elsevier.
Pereira, K. A. S. (2016). Bitcoin: uma análise jurídico-tributária da moeda virtual (Monografia de Conclusão de Curso). Manaus,
Ram, A. J. (2016). Accounting for the bitcoin: an initial perspective. Johannesburg, South Africa: University of the Witwatersrand.
Regalado, J. M. S. (2015). Determinantes da procura da bitcoin (Dissertação de Mestrado). Porto, Portugal: Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto.
Simons, H. (1983). Personal income taxation: the definition of income as a problem of fiscal policy. Chicago, IL: University of Chicago.
Souza, M. C. (2014). O uso de inteligência artificial no ensino da contabilidade (Dissertação de Mestrado). São Paulo, SP: Universidade de São Paulo.
Tan, B. S., & Low, K. Y. (2017). Bitcoin: its economics for financial reporting. Australian Accounting Review, 27, 220-227.
Ulrich, F. (2016, 7 de julho). Bitcoin supera o ouro no Brasil. Recuperado de http://www.infomoney.com.br/blogs/cambio/ moeda-na-era-digital/post/5288549/bitcoin-supera-ourobrasil