Paulo Freire e Amílcar Cabral: pedagogos do anticolonialismo Outros Idiomas

ID:
69169
Resumo:
Paulo Freire foi para a Guiné-Bissau em 1976. Amílcar Cabral havia sido assassinado em janeiro de 1973. O encontro de Paulo Freire com Amílcar Cabral se deu pelo estudo de seus textos, por entrevistas que realizou e pelas aprendizagens com um povo que tentava assumir seu papel como sujeito de sua história. A influência de Frantz Fanon e de Albert Memmi já se encontrava em “Pedagogia do Oprimido”; no entanto, o tema da libertação ainda se localizava na relação entre consciência e ideologia. O encontro com Amílcar Cabral, e com o povo da Guiné, levou Paulo Freire a uma revisão da proposição de que a transformação da realidade poderia ocorrer através da “reforma interna” dos seres humanos. As relações do mundo do trabalho e do sistema produtivo adquiriram centralidade e, portanto, educação e trabalho passaram a se constituir em uma unidade. Outro tema no qual se expressam influências e afinidades se refere a considerar que a luta pela libertação é um fato cultural e um fator de cultura. O encontro entre esses dois pedagogos do anticolonialismo e sua apropriação crítica e criativa do marxismo à práxis, aporta contribuições para, entre tantas outras, problematizar o modismo de abordagens descoloniais meramente epistemológicas e superar os limites de abordagens que essencializam a dimensão cultural.
Citação ABNT:
MISOCZKY, M. C.Paulo Freire e Amílcar Cabral: pedagogos do anticolonialismo. REAd. Revista Eletrônica de Administração, v. 28, n. 3, p. 646-661, 2022.
Citação APA:
Misoczky, M. C.(2022). Paulo Freire e Amílcar Cabral: pedagogos do anticolonialismo. REAd. Revista Eletrônica de Administração, 28(3), 646-661.
DOI:
http://dx.doi.org/10.1590/1413-2311.359.120361
Link Permanente:
https://www.spell.org.br/documentos/ver/69169/paulo-freire-e-amilcar-cabral--pedagogos-do-anticolonialismo/i/pt-br
Tipo de documento:
Artigo
Idioma:
Português
Referências:
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