Resumo:
Ainda que se tenha avançado na análise do papel das relações sociais sobre a ação econômica, a atenção que lhe é conferida no processo inovativo ainda se mostra pequena no contexto brasileiro. Desta perspectiva, cabe analisar o processo inovativo como socialmente imerso, de onde se torna pertinente investigar como as relações sociais entre atores privados e públicos interferem na geração de inovação, tomando-se o caso da carcinicultura potiguar. Utilizando-se da análise de redes sociais, considera-se o indicador estrutural de posição na rede, cuja matriz de relações entre atores permite visualizar o caráter evolucionário da estrutura da rede e suas implicações sobre o processo inovativo. A partir de entrevistas semiestruturadas, interpretadas pela análise de conteúdo, descreve-se o fenômeno em uma abordagem longitudinal e indutiva, cuja compreensão ao longo da trajetória tecnológica revelou mais limites que oportunidades à geração de inovação, destacando-se a problemática do compartilhamento de informações na rede.
Resumo Inglês:
Although progress has been made on the analyses of the role of social relations on economic action, little attention has been given to the innovative process as socially embedded in the Brazilian context. From this perspective, we need to analyze it as socially embedded, investigating how social relations between private and public actors interfere in the generation of innovation. For doing this we take the case of carciniculture in RN. Using the Social Network Analysis, we consider the structural indicator of network position, whose matrix of relationships between actors allows to visualize the evolutionary nature of the network structure and its implications on the innovative process. Based on semi-structured interviews, interpreted by content analysis, we describe the phenomenon in a longitudinal and inductive approach, whose cross-sectional analysis along the technological trajectory revealed more limits than opportunities for the generation of innovation, highlighting the problem of sharing information on the network.
Citação ABNT:
FREIRE, A. C.; BALDI, M. Processo inovativo e indicadores estruturais: posição dos atores e trajetória tecnológica na rede de carcinicultura potiguar. Organizações & Sociedade, v. 21, n. 69, p. 235-254, 2014.
Citação APA:
Freire, A. C., & Baldi, M. (2014). Processo inovativo e indicadores estruturais: posição dos atores e trajetória tecnológica na rede de carcinicultura potiguar. Organizações & Sociedade, 21(69), 235-254.
Link Permanente:
https://www.spell.org.br/documentos/ver/31215/processo-inovativo-e-indicadores-estruturais--posicao-dos-atores-e-trajetoria-tecnologica-na-rede-de-carcinicultura-potiguar/i/pt-br
Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAMARÃO. Censo da carcinicultura nacional 2004. ABCC, Natal, ago. 2009. Seção Publicações. Disponível em:
. Acesso em: 22 ago. 2009.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAMARÃO. Estatísticas do setor pesqueiro e da carcinicultura brasileira. ABCC, Natal, jan. 2012. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2012.
BALDI, M.; LOPES, F. Primar orgânica: inovação em tempos de crise. Cadernos EBAPE. BR, v. 6, n. 3, set. 2008.
BALDI, M.; SILVA FILHO, R. B. da; FREIRE, A. C. Arranjo produtivo da carcinicultura potiguar: avanços e limites na articulação entre o Estado e o setor produtivo. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 34. 2010, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Associação Nacional dos Cursos de Pós-Graduação em Administração, 2010.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1996.
BARNEY, J.; HESTERLY, W. Economia das organizações: entendendo a relação entre as organizações e a análise econômica. In: CLEGG, S. R.; HARDY, C.; NORD, W. R. (Org.). Handbook de estudos organizacionais, São Paulo: Atlas, 2004. v. 3, p. 131179.
BORGATTI, S. P.; EVERETT, M. G.; FREEMAN, L. C. Ucinet 6 for windows. Harvard: Analytic Technologies, 2002.
BURT, R.S. Brokerage e closure: an introduction to social capital. Oxford: Oxford University Press, 2005
BURT, R.S. The social stucture of competition. In: NOHRIA, N.; ECCLES, R. G. (Ed.). Networks and organizations: structure, form, and action. Boston, Massachussetts: Havard Business School Press, 1992. p. 57-91.
CÁRDENAS, L. Q. A formação e o desenvolvimento de arranjos cooperativos sob a ótica da imersão e da economia dos custos de transação: um estudo de caso na COOPERCAM e na UNIPESCA. 2007. 145 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. Inovação e sistemas de inovação: relevância para a área de saúde. RECIIS, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 153-162, jan.-jun. 2007.
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. Novas políticas na era do conhecimento: o foco em arranjos produtivos e inovativos locais. Parcerias Estratégicas, n. 17, set. 2003.
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. Sistemas de inovação e desenvolvimento: as implicações de política. São Paulo em Perspectiva. v. 19, n. 1, p. 34-45, jan.mar. 2005.
DACIN, M. T.; VENTRESCA, M. J.; BEAL, B. The embeddedness of organizations: dialogue and directions. Journal of management, v. 25, n. 3, p. 317-356, may-june 1999.
DOSI, G. Mudança técnica e transformação industrial: a teoria e uma aplicação à indústria de semicondutores. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2006.
DOSI, G. Technological paradigms and technological trajectories: a suggested interpretation of the determinants and directions of technical change. Research Policy, v. 11, p. 147-162, 1982.
DUNHAM, F. B.; BOMTEMPO, J. V.; ALMEIDA, E. L. F. de. Trajetórias tecnológicas em combustíveis sintéticos: análise dos mecanismos de seleção e indução. Revista Brasileira de Inovação, v. 5, n. 1, p. 99-129, jan-jun. 2006.
FREEMAN, C. New technology and catching up. The European Journal of Development Research, v. 1, n. 1, p. 85-99, jun. 1989.
GODOI, C. K.; BANDEIRA-DE-MELLO, R.; SILVA, A. B. Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais. São Paulo: Saraiva, 2006.
GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, v. 91, n. 3, p. 481-510, nov. 1985.
GRANOVETTER, M. The strength of weak ties. American Journal of Sociology, v. 78, n. 6, p. 1360-1380, may. 1973.
GULATI, R.; GARGIULO, M. Where do interorganizational networks come from? American Journal of Sociology, v. 104, n. 5, p. 1439-1493, 1999.
JOHNSON, B.; LUNDVALL, B-Å. Promoting innovation systems as a response to the globalizing learning economy. Rio de Janeiro: UFRJ/IE (Nota técnica 4), 2000.
KIM, L. Da imitação à inovação: a dinâmica do aprendizado tecnológico da Coréia. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2006.
LALL, S. A mudança tecnológica e a industrialização nas economias de industrialização recente da Ásia: conquistas e desafios. In: KIM, L.; NELSON, R. R. (Org.). Tecnologia, aprendizado e inovação: as experiências das economias de industrialização recente. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2005
LIU, B. S-C.; MADHAVAN, R.; SUDHARSHAN, D. The impact of network structure on diffusion of innovation. European Journal of Innovation Management, v. 8, n. 2, p. 240-262, 2005.
LOPES, F; BALDI, M; CÁRDENAS, L. Parceria no agronegócio da carcinicultura na perspectiva da imersão estrutural: o caso da Camanor Produtos Marinhos LTDA. Base/Unisinos, v. 5, n. 2, p. 96-108, maio-ago. 2008.
LUNDVALL, B-Å. et al. Innovation system research and policy where it came from and where it might go. CAS Seminar, Oslo, December 4, 2007. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2013
LUNDVALL, B-Å. et al. National systems of production, innovation and competence building. Research Policy, v. 31, p. 213-231, 2002.
MARSHALL, A. Princípios de economia. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985.
NOHRIA, N. Introduction: is a network perspective a useful way for studying organizations? In: NOHRIA, N.; ECCLES, R. G. (Ed.). Networks and organizations: structure, form, and action. Boston, Massachusetts: Harvard Business School Press, 1992. p. 1-22.
POLANYI, K. A grande transformação: as origens da nossa época. 4. ed. São Paulo: Campus, 2000. Obra original publicada em 1944.
POWELL, W; SMITH-DOERR, L. Networks and economic life. In: SMELSER, N. J.; SWEDBERG, R. (Ed.). Handbook of economic sociology. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1994. p. 368-402.
QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. V. Manual de investigação em ciências sociais. 2. ed. Lisboa: Gradiva Publicações, 1998.
REVISTA ABCC. Natal, RN: Associação Brasileira de Criadores de Camarão, ano 14, n. 1, jan. 2012.
ROCHA, I. P.; ROCHA, D. M. Análise da produção e do mercado interno e externo do camarão cultivado. ABCC, Natal, jan. 2012. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2012.
SCHUMPETER, J. A. A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
SCHWANDT, T. Três posturas epistemológicas: interpretativismo, hermenêutica e construcionismo social. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. (Org.). Planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2006. p. 193-218.
SILVA FILHO, R. B. da. Carcinicultura do RN: uma análise a partir da Tríplice Hélice. 2009. 133f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.
TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da inovação. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.
TIGRE, P. B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
TRIVINÕS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1995.
UZZI, B. Social structure and competition in interfirm networks: the paradox of embeddedness. Administrative Science Quartely, v. 42, n. 1, p. 35-67, mar. 1997
VIEIRA, M. M. F. Por uma boa pesquisa (qualitativa) em administração. In: VIEIRA, M. M. F.; ZOUAIN, D. M. (Org.). Pesquisa qualitativa em administração. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004. p. 13-28.
WASSERMAN, S.; FAUST, K. Social network analysis: methods and applications. New York: Cambridge University Press, 2007.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.
ZAFIROVSKI, M. The influence of sociology on economics: selected themes and instances from classical sociological theory. Journal of Classical Sociology. Sage Publications, v. 5, n. 2, p. 123-156, 2005.
ZUKIN, S.; DIMAGGIO, P. Structures of capital: the social organization of the economy. New York: Cambridge University Press, 1990.