Do Ecoambientalismo à Sustentabilidade: Notas Críticas sobre a Relação Organização-Natureza nos Estudos Organizacionais Outros Idiomas

ID:
49200
Resumo:
O propósito deste trabalho é retomar uma reflexão acerca dos limites que as perspectivas tradicionais hegemônicas sobre a relação organização-natureza têm imposto à Teoria Organizacional (TO). Para realizá-lo, cumprimos dois objetivos: primeiro, resgatamos uma possibilidade de mudança de perspectiva sobre essa relação, dos paradigmas antropocêntricos/orgocêntricos para o paradigma ecocêntrico, surgida nos Estudos Organizacionais (EOs) na década de 1990. Abordando a forma como o ecocentrismo foi assimilado, na esteira das reflexões então nascentes sobre sustentabilidade, evidenciamos como a perspectiva ecocêntrica foi relegada a uma condição marginal. No segundo objetivo, propomos a recuperação das discussões sobre a temática da ecologia; mais precisamente, sobre a perspectiva do habitar (dwelling perspective) como uma ontologia da relação organização-natureza. A contribuição do ensaio está no resgate do momento em que a noção de sustentabilidade tornou-se hegemônica nos EOs e na proposição de uma perspectiva ecológica, alinhada à retomada do ecocentrismo nesse campo.
Citação ABNT:
MARQUESAN, F. F. S.; FIGUEIREDO, M. D. Do Ecoambientalismo à Sustentabilidade: Notas Críticas sobre a Relação Organização-Natureza nos Estudos Organizacionais. Organizações & Sociedade, v. 25, n. 85, p. 264-286, 2018.
Citação APA:
Marquesan, F. F. S., & Figueiredo, M. D. (2018). Do Ecoambientalismo à Sustentabilidade: Notas Críticas sobre a Relação Organização-Natureza nos Estudos Organizacionais. Organizações & Sociedade, 25(85), 264-286.
DOI:
10.1590/1984-9250855
Link Permanente:
https://www.spell.org.br/documentos/ver/49200/do-ecoambientalismo-a-sustentabilidade--notas-criticas-sobre-a-relacao-organizacao-natureza-nos-estudos-organizacionais/i/pt-br
Tipo de documento:
Artigo
Idioma:
Português
Referências:
ALDRICH, H. E.; PFEFFER, J. Environments of organizations. Annual Review of Psychology, v. 2, p. 79-105, 1976.

AZAMBUJA, M. de. Recordações alucinatórias. Piauí, Memórias pouco diplomáticas, ed. 68. maio. 2012.

BANERJEE, S. B. Necrocapitalism. Organization Studies, v. 29, n. 12, p. 15411-15563, 2008.

BANERJEE, S. B. Who sustains whose development?Sustainable development and the reinvention of nature. Organization Studies, v. 24, n. 1, p. 143-180, 2003.

BARONI, M. Ambiguidades e deficiências do conceito de desenvolvimento sustentável. RAE, v. 32, n. 2, p. 14-24, 1992.

BARTER, N.; RUSSELL, S. Organisational metaphors and sustainable development: enabling or inhibiting? Sustainability Accounting, Management and Policy Journal, v. 4, n. 2, p. 145-162, 2013.

BATESON, G. Steps to an ecology of mind: collected essays in Anthropology, Psychiatry, Evolution and Epistemology. São Francisco; Scranton; Londres; Toronto: Chandler, 1972.

BERTERO, C. O.; CALDAS, M. P.; WOOD JUNIOR, T. Produção científica em administração de empresas: provocações, insinuações e contribuições para um debate local. RAC, v. 3, n. 1, p. 147-178, 1999.

BOISOT, M. Book review: handbook of organization studies. Organization Studies, v. 19, n. 1, p. 155-162, 1998.

BULLIS, C.; GLASER, H. Bureaucratic discourse and the goddess: towards an ecofeminist critique and rearticulation. Journal of Organizational Change Management, v. 5, n. 2, p. 50-60, 1992.

CALDAS, M. P. “Contribuição teórica”: como assim, cara pálida? RAE, v. 43, n. 3, p. 65-68, 2003.

CARRIERI, A de P. O meio ambiente: discurso consistente ou prática vazia?Uma reflexão sobre os discursos ambientais, a teoria organizacional e o caso brasileiro. RAP, v. 37, n. 6, p. 1209-1231, 2003.

CARRIERI, A de P. O meio ambiente: discurso consistente ou retórica?Uma reflexão sobre os discursos ambientais, a teoria organizacional e o caso brasileiro. In: ENANPAD, 24., 2000. Anais... Florianópolis/SC, 2000.

COLBY, M. E. Environmental management in development: the evolution of paradigms. World Bank discussion paper 80. Washington, DC: World Bank, 1990.

COSTANZA, R.; GRAUMILCH, L.; STEFFEN, W. Sustainability or collapse: what can we learn from integrating the history of humans and the rest of nature? AMBIO: A Journal of the Human Environment, v. 36, n. 7, p. 522-527, 2007.

CRUBELLATE, J. M. Estudos organizacionais no Brasil: do futuro que queremos e do futuro que teremos. Cadernos EBAPE, v. 3, n. 4, 2005.

CUNHA, M. P. e; REGO, A.; CUNHA, J. V. da. Ecocentric management: an update. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, v. 15, p. 311-321, 2008.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: 34, 2007. v. 1.

DESCOLA, P.; PÁLSSON, G. (Ed.). Nature and society: anthropological perspectives. New York: Taylor & Francis, 1996.

DONAIRE, D. Considerações sobre a influência da variável ambiental na empresa. RAE Ambiental, v. 34, n. 2, p. 68-77, 1994.

ECKERSLEY, R. Environmentalism and political theory: toward an ecocentric approach. Albany, NY: Suny Press, 1992.

EDEN, S. Using sustainable development: the business case. Global Environmental Change, v. 4, n. 2, p. 160-167, 1994.

EGRI, C. P.; PINFIELD, L. T. As organizações e a biosfera: ecologia e meio ambiente. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. (Org.). Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 2006. p. 361-397.

EGRI, C. P.; PINFIELD, L. T. Organizations and the biosphere: ecologies and environments. In: CLEGG, S.; HARDY, C.; NORD, W. (Org.). Handbook of organizational studies: current issues. London: Sage. 1999. p. 209-233.

ELKINGTON, J. Canibais com garfo e faca. São Paulo: Makron Books, 2001.

FACHIN, R. Memórias e posicionamentos em estudos organizacionais. RBEO, v. 1, n. 1, 2014.

FISCHER, T. Alice através do espelho ou Macunaíma em campus papagalli?Mapeando rotas de ensino dos estudos organizacionais no Brasil. O&S, v. 10, n. 28, p. 47-62, 2003.

GLADWIN, T. N.; KENNELLY, J. J.; KRAUSE, T. S. Shifiting paradigms for sustainable development. Academy of Management Review, v. 20, n. 4, p. 874-907, 1995.

GOSLIN, J.; CASE, P. Social dreaming and ecocentric ethics: sources of nonrational insight in the face of climate change catastrophe. Organization, v. 20, p. 705-721, 2013.

GOTTLIEB, R. Forcing the spring: the transformation of the American environmental movement. Washington: Island Press, 2005.

HÄGERSTRAND, T. Geography and the study of the interaction between nature and society. Geoforum, v. 7, n. 5-6, p. 329-334, 1976.

HANNA, M. D. Environmentally responsible managerial behavior: is ecocentrism a prerequisite? Academy of Management Review, v. 20, n. 4, p. 796-799, 1995.

HEIKKURINEN, P. et al. Organising in the anthropocene: an ontological outline for ecocentric theorising. Journal of Cleaner Production, v. 113, p. 705-714, 2016.

HOLMER-NADESAN, M. Organizational identity and space of action. Organization Studies, v. 17, n. 1, p. 49-81, 1996.

HOPWOOD, B.; MELLOR, M.; O’BRIEN, G. Sustainable development: mapping different approaches. Sustainable Development, v. 13, p. 38-52, 2005.

INGOLD, T. Being alive: essays on movement, knowledge and description. New York: Taylor & Francis, 2011.

INGOLD, T. Perceptions of environment: essays on livelihood, dwelling and skill. Londres; Nova Iorque: Routledge, 2000.

INGOLD, T. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, v. 18, n. 37, p. 25-44, 2012.

JABBOUR, C. J. C.; SANTOS, F. C. A.; BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: um levantamento da produção científica brasileira divulgada em periódicos da área de administração entre 1996 e 2005. RAC, v. 12, n. 3, p. 689-715, 2008.

JENNINGS, P.; ZANDBERGEN, A. Ecologically sustainable organizations: an institutional approach. Academy of Management Review, v. 20, n. 4, p. 1051-1052, 1995.

JERMIER, J. M.; FORBES, L. C. Metaphors, organizations and water: generating new images for environmental sustainability. Human Relations, v. 69, n. 4, p. 1001-1027, 2016.

KALLIO, T. J.; NORDBERG, P. The evolution of organizations and natural environment discourse: some critical remarks. Organization & Environment, v. 19, n. 4, p. 439-457, 2006.

KIDNER, D. W. Why ‘anthropocentrism’ is not anthropocentric. Dialectical Anthropology, v. 38, p. 465-480, 2014.

LABATUT, J.; MUNRO, I.; DESMOND, J. Animals and organizations. Organization, v. 23, n. 3, p. 315-329, 2016.

LEE, K. Global sustainable development: its intellectual and historical roots. In: LEE, K.; HOLLAND, A.; MCNEILL, D. (Ed.). Global sustainable development in the 21st century. Edinburgh: Edinburgh University Press. 2000. p. 31-47. . Acesso em: 22 mar. 2000.

MACHADO, C.; CUNHA, V. C. da; AMBONI, N. Organizações: o estado da arte da produção acadêmica no Brasil. In: ENANPAD, 14., 1990. Anais... Realizado em Florianópolis/SC, editado em Belo Horizonte/MG, 1990. p. 11-28.

MARTÍNEZ-ALIER, J. Desarrollo sostenible es una contradicción. El Espectador. 2015. . Acesso em: 12 mar. 2015.

MARTÍNEZ-ALIER, J. et al. Between activism and science: grassroots concepts for sustainability coined by environmental justice organizations. Journal of Political Ecology, v. 21, 2014.

MASON, R. Em direção a um novo paradigma de gestão ambiental - tecnologias limpas ou prevenção de poluição. RAE, v. 32, n. 2, p. 78-98, 1992.

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

MINTER, B.; MANNING, R. (Ed.). Reconstructing conservation: finding common ground. Washington: Island Press, 2003.

MISOCZKY, M. C. A.; BÖHM, S. Do desenvolvimento sustentável à economia verde: a constante e acelerada investida do capital sobre a natureza. Cadernos EBAPE.BR, v. 10, n. 3, p. 546-568, 2012.

MISOCZKY, M. C. A. Da abordagem de sistemas abertos à complexidade: uma atualização. Cadernos EBAPE, v. 11, n. 3, p. 419-442, 2013.

MISOCZKY, M. C.; AMANTINO-DE-ANDRADE, J. Uma crítica à crítica domesticada nos estudos organizacionais. RAC, v. 9, n. 1, p. 192-215, 2005.

MONTIEL, I. Corporate social responsibility and corporate sustainability: separate pasts, common futures. Organization & Environment, v. 21, n. 3, p. 245-269, 2008.

NEDER, R. T. Há política ambiental para a indústria brasileira? RAE, v. 32, n. 2, p. 6-13, 1992.

PARKER, B. Evolução e revolução: da internacionalização à globalização. In: CLEGG, S. R.; HARDY, C.; NORD, W. (Ed.). Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas. 2006. p. 398-431.

PHILLIPS, M. Re-writing corporate environmentalism: ecofeminism, corporeality and the language of feeling. Gender, Work & Organization, v. 21, n. 5, p. 443-458, 2014.

PRESTES MOTTA, F. C. A propósito da “sociedade organizacional”. RAP, v. 18, n. 4, p. 71-75, 1978.

PRESTES MOTTA, F. C. O estruturalismo na teoria das organizações. RAE, v. 10, n. 4, p. 23-41, 1970.

PSKOWSKI, M. Is this the future we want?The green economy vs climate justice. DiferenTakes, n. 79, 2013.

PURSER, R.; PARK, C.; MONTOURI, A. Limits to anthropocentrism: toward an ecocentric organization paradigm? Academy of Management Review, v. 20, n. 4, p. 1053-1089, 1995.

RATTNER, H. Sustentabilidade - uma visão humanista. Ambiente & Sociedade, Pontos de vista, v. II, n. 5, 1999.

RATTNER, H. Tecnologia e desenvolvimento sustentável: uma avaliação crítica. Revista de Administração, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 5-11, 1991.

RODRIGUES, S. B.; CARRIERI, A de P. A tradição anglo-saxônica nos estudos organizacionais brasileiros. RAC, n. edição especial, p. 81-102, 2001.

SHRIVASTAVA, P. Castrated environment: greening organizational science. Paper apresentado na conferência “Greening the Business Curriculum”. Leicester Business School, mar. 1990.

SHRIVASTAVA, P. Castrated environment: greening organizational studies. Organization Studies, v. 15, n. 5, 1994, p. 705-726.

SHRIVASTAVA, P. Corporate self-greenewal: strategic responses to environmentalism. Business Strategy and the Environment, v. 1, n. 3, p. 9-21, 1992.

SHRIVASTAVA, P. Ecocentric management for a risk society. Academy of Management Review, v. 20, n. 1, p. 118-137, 1995a.

SHRIVASTAVA, P. Ecocentric versus traditional management: some hints to Hanna. Academy of Management Review, v. 21, n. 1, p. 9-11, 1996.

SHRIVASTAVA, P. The role of corporations in achieving ecological sustainability. Academy of Management Review, v. 20, n. 4, p. 936-960, 1995b.

SOUZA, M. T. S. de; RIBEIRO, H. C. M. Sustentabilidade ambiental: uma meta análise da produção brasileira em periódicos de administração. RAC, v. 17, n. 3, p. 368-396, 2013.

SOUZA, M. T. S. de. Rumo à prática empresarial sustentável. RAE Ambiental, v. 33, n. 4, p. 40-52, 1993.

SOUZA, S. A. de; REINERT, J. N.; SPROESSER, R. L. Pesquisa brasileira em administração: um meta-estudo em temáticas do período 2000-2009. In: ENEPQ, 2., 2009. Anais… 2009.

TINKER, T. Methaphor or reification: are radical humanists really libertarian anarchists? Journal of Management Studies, v. 23, n. 4, p. 363-384, 1986.

VERGARA, S. C. A hegemonia americana em estudos organizacionais. RAP, v. 35, n. 2, p. 63-77, 2001.

VIEIRA, P. F. A problemática ambiental e as ciências sociais no Brasil (1980-1990). Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais (BIB), n. 33, p. 3-32, 1992.

VIOLA, E.; FRANCHINI, M. Os limiares planetários, a Rio+20 e o papel do Brasil. Cadernos EBAPE, v. 10, n. 3, p. 470-491, 2012.

VIOLA, E. J. A globalização da política ambiental no Brasil, 1990-1998. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF THE LATIN AMERICA STUDIES ASSOCIATION, 21., Chicago, 1998.

VIOLA, E. J. O movimento ecológico no Brasil (1974-1986): do ambientalismo à ecopolítica. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 1, n. 3, 1987.

VIOLA, E. J.; VIEIRA, P. F. Da preservação da natureza e do controle da poluição ao desenvolvimento sustentável: um desafio ideológico e organizacional ao movimento ambientalista no Brasil. RAP, v. 26, n. 4, p. 81-104, 1992.

WEICK, K. Sensemaking in organizations. London: Sage, 1979.

WERBACH, A. When sustainability means more than green. McKinsey Quarterly, v. 4, n. 2009, p. 74-9, 2009.

WHITEMAN, G.; COOPER, W. Ecological sensemaking. Academy of Management Journal, v. 54, n. 5, p. 889-911, 2011.

WHITEMAN, G.; WALKER, B.; PEREGO, P. 2013 Planetary boundaries: ecological foundations for corporate sustainability. Journal of Management Studies, v. 50, n. 2, p. 307-336, 2013.

WRIGHT, C. et al. Future imaginings: organizing in response to climate change. Organization, v. 20, n. 5, p. 647-658, 2013.

WRIGHT, C.; NYBERG, D. Creative self-destruction: corporate responses to climate change as political myths. Environmental Politics, v. 23, n. 2, p. 205-223, 2014.

WRIGHT, C.; NYBERG, D. Working with passion: emotionology, corporate environmentalism and climate change. Human Relations, v. 65, n. 12, p. 1561-1587, 2012.