Repensar “Organizações e Sociedade” a partir das escrevivências: por uma gestão das e nas lacunas

ID:
66745
Resumo:
Este não é um texto convencional, que segue as normas instituídas do pesquisar em estudos organizacionais, porém, aqui não abrimos mão da cientificidade exigida pela academia. É, apenas, uma outra forma de fazer e escrever, da mesma maneira que se dá com as práticas desenvolvidas por aqueles que estão apartados do modo de organizar dominante no país. Diante disso, a nossa proposta aqui é, a partir da perspectiva histórico-social acerca da formação dos limiares desse campo científico, repensar as formas de gestão desde as experiências dos sujeitos e saberes lacunares. Para tanto, ajustamos a nossa lente para enxergar o que se encontra do lado de fora do lócus enunciativo privilegiado da racionalidade instrumental regente da área e encontramos Carolina Maria de Jesus e suas escrevivências acerca de uma realidade não notada pelas práticas de gestão segundo o modelo de sucesso dessa razão. Portanto, apresentamos um artigo teórico e científico, em que se faz uso da literatura como fonte material, a fim de perfilar as reflexões propostas de se repensar as “organizações e sociedade” a partir dos saberes-fazeres dos desprivilegiados da razão.
Citação ABNT:
SILVA, F. R.; CARRIERI, A. P. Repensar “Organizações e Sociedade” a partir das escrevivências: por uma gestão das e nas lacunas. Organizações & Sociedade, v. 29, n. 101, p. 394-422, 2022.
Citação APA:
Silva, F. R., & Carrieri, A. P. (2022). Repensar “Organizações e Sociedade” a partir das escrevivências: por uma gestão das e nas lacunas. Organizações & Sociedade, 29(101), 394-422.
DOI:
10.1590/1984-92302022v29n0016PT
Link Permanente:
https://www.spell.org.br/documentos/ver/66745/repensar----organizacoes-e-sociedade----a-partir-das-escrevivencias--por-uma-gestao-das-e-nas-lacunas/i/pt-br
Tipo de documento:
Artigo
Idioma:
Português
Referências:
Alcadipani, R., & Rosa, A. R. (2010). O pesquisador como o outro: uma leitura pós-colonial do “Borat” brasileiro. RAE, 50(4), 371-382. doi:10.1590/S0034-75902010000400003

Anzaldúa, G. (2000). Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Estudos Feministas, 8(1), 229-236. doi:10.1590/%25x

Barone, T. E. (1992). Beyond theory and method: a case of critical storytelling. Theory Into Practice, 31(2), 142-146.

Barros, A., & Carrieri, A. P. (2015). O cotidiano e a história: construindo novos olhares na administração. RAE, 55(2), 151-161. doi:10.1590/S0034-759020150205

Batalha, M. C. (2013). O que é uma literatura menor? Cerrados, 22(35), 113-135. Recuperado de https://bit.ly/3JAzUy0

Bernardino-Costa, J. (2015). Saberes subalternos e decolonialidade: os sindicatos das trabalhadoras domésticas no Brasil. Brasília, DF: Universidade de Brasília.

Biehl-Missal, B. (2015). ‘I write like a painter’: feminine creation with arts-based methods in organizational research. Gender, Work and Organization, 22(2), 179-196. doi:10.1111/gwao.12055

Carrieri, A. P. (2014). As gestões e as sociedades. Farol, 1(1), 21-64. doi:10.25113/farol.v1i1.2592

Carrieri, A. P., Perdigão, D. A., & Aguiar, A. R. C. (2014). A gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar sobre a gestão em estudos organizacionais. Revista de Administração, 49(4), 698-713. doi:10.5700/rausp1178

Carrieri, A. P., Perdigão, D. A., Martins, P. G., & Aguiar, A. R. C. (2018). A gestão ordinária e suas práticas: o caso da Cafeteria Will Coffee. Revista de Contabilidade e Organizações, 12, 1-13. doi:10.11606/issn.1982-6486.rco.2018.141359

Collins, P. H. (2019). Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. São Paulo, SP: Boitempo.

Coronel, L. P. (2014). A censura ao direito de sonhar em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, 44, 271-288. doi:10.1590/231640184412

Czarniawska, B. (2000). GRI Report No. 2000:5: the uses of narrative in organization research. Recuperado de https://bit.ly/3JdEwtU

Czarniawska, B. (2006). Doing gender unto the other: fiction as a mode of studying gender discrimination in organizations. Gender, Work and Organization, 13(3), 234-253. doi:10.1111/j.1468-0432.2006.00306.x

Evaristo, C. (2008). Escrevivências da afro-brasilidade: história e memória. Releitura, 23, 5-11.

Evaristo, C. (2019, 7 de outubro). “É o trabalho criativo que nos deixa sobreviver”. Público. Recuperado de https://bit.ly/361tSYM

Evaristo, C. (2020). A escrevivência e seus subtextos. In C. L. Duarte, & I. R. Nunes (Orgs.), Escrevivência: a escrita de nós: reflexões sobre a obra de Conceição Evaristo (pp. 26-47). Rio de Janeiro, RJ: Mina Comunicação e Arte.

Fausto, B. (2012). História concisa do Brasil (2a ed.). São Paulo, SP: Edusp.

Gonzalez, L. (2020). Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro, RJ: Zahar.

Grosfoguel, R. (2008). Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Crítica de Ciências Sociais, 80, 115-147. doi:10.4000/rccs.697

Holanda, L. A. (2011). Resistência e apropriação de práticas do management no organizar de coletivos da cultura popular (Tese de doutorado). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE.

Hooks, B. (1995). Intelectuais Negras. Revista de Estudos Feministas, 3(2), 464-478.

Ibarra-Colado, E. (2007). Organization studies and epistemic coloniality in Latin America: thinking otherness from the margins. Organization, 13(4), 463-488. doi:10.1177/1350508406065851

Ibarra-Colado, E. (2012). Cómo compreender y transformar los Estudios Organizacionales desde America Latina y no morir en el intento. In A. M. Martínez, R. G. Rabiela, H. Vessuri, & A. V. Corona (Coords.), Apropiación social del conocimiento y aprendizaje: una mirada crítica desde diferentes ambitos (pp. 17-38). Madrid: Plaza y Valdés Editores.

Ipiranga, A. S. R., Saraiva, L. A. S. (2020). Verso, prosa, drama e ficção: literatura e organizações. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa. doi:10.5281/zenodo.3749372

Jesus, C. M. (2014). Quarto de despejo (10a ed.). São Paulo, SP: Ática.

Kilomba, G. (2019). Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro, RJ: Cobogó.

Lugones, M. (2014). Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, 22(3), 935-952. doi:10.1590/%25x

Mandiola, M. (2018). La mirada decolonial al management. Gestión y Tendencias, 3(1), 6-10. doi:10.11565/gesten.v3i1.53

McLaren, P. G., & Mills, A. J. (2007). A product of “his” time? Exploring the construct of the ideal manager in Cold War era. Sprott Letters, 22, 1-17. doi:10.1108/17511340810893126

Medeiros, M. A. (2011). A descoberta do Insólito: literatura negra e literatura periférica no Brasil (1960-2000) (Tese de doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.

Meriläinen, S., Tienari, J., Thomas, R., & Davies, A. (2008). Hegemonic academic practices: experiences of publishing from periphery. Organization, 15(4), 584-597. doi:10.1177/1350508408091008

Mignolo, W. (2010). Desobediencia epistémica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidade y gramática de la descolonialidad. Buenos Aires: Ediciones del Signo.

Misoczky, M. C. A., & Vecchio, R. A. (2006). Experimentando pensar: da fábula de Barnard à aventura de outras possibilidades de organizar. Cadernos Ebape.br, 4(1), 1-11. doi:10.1590/S1679-39512006000100004

Mosé, V. (2019). A espécie que sabe: do homo sapiens à crise da razão. Petrópolis, RJ: Vozes.

Pullen, A. (2006). Gendering the research self: social practice and corporeal multiplicity in the writing of organizational research. Gender, Work & Organization, 13(3), 277-298. doi:10.1111/j.1468-0432.2006.00308.x

Pullen, A. (2018). Writing as Labiaplasty. Organization, 25(1), 123-130 doi:10.1177/1350508417735537

Pullen, A., & Rhodes, C. (2015). Writing, the feminine and organization. Gender Work and Organization, 22(2), 87-93. doi:10.1111/gwao.12084

Rhodes, C., & Brown, A. D. (2005). Narrative, organizations and research. International Journal of Management Reviews, 7(3), 167-188. doi:10.1111/j.1468-2370.2005.00112.x

Rodrigues, S. B., & Carrieri, A. P. (2001). A tradição anglo-saxônica nos estudos organizacionais brasileiros. Revista de Administração Contemporânea, 5, 81-102. doi:10.1590/S141565552001000500005

Sá, M., Alcadipani, R., Azevedo, A., Rigo, A. S., & Saraiva, L. A. S. (2020). De onde viemos, para onde vamos? Autocrítica coletiva e horizontes desejáveis aos estudos organizacionais no Brasil. RAE, 60(2), 168-180. doi:10.1590/S0034-759020200209

Santos, E. L. S., & Oliveira, J. S. (2020). Práticas, raça e organizações empreendedoras: um estudo com negros empreendedores na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. Ciências Adiministrativas, 26(3), 1-12. doi:10.5020/2318-0722.2020.26.3.9718

Schwarcz, L. M., & Starling, H. M. (2015). Brasil: uma biografia. São Paulo, SP: Companhia das Letras.

Soares, L. V., & Machado, P. S. (2017). “Escrevivências” como ferramenta metodológica na produção de conhecimento em Psicologia Social. Psicologia Política, 17(39), 203-219.

Souza, A. L. S. (2009). Letramentos de reexistência: culturas e identidades no movimento Hip Hop (Tese de doutorado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.

Steyaert, C. (2015). Three women. A kiss. A life. On the queer writing of time in organization. Gender Work and Organization, 22(2), 163-178. doi:10.1111/gwao.12075

Szlechter, D., Pazos, L. S., Teixeira, J. C., Feregrino, J., Madariaga, P. I., & Alcadipani, R. (2020). Estudios organizacionales en América Latina: hacia una agenda de investigación. RAE, 60(2), 84-92. doi:10.1590/S0034-759020200202

Thexton, T., Prasad, A., & Mills, A. J. (2019). Learning empathy through literature. Culture and Organization, 25(2), 83-90. doi:10.1080/14759551.2019.1569339

Vergara, S., & Pinto, M. C. S. (2001). Referências teóricas em análise organizacional: um estudo das nacionalidades dos autores referenciados na literatura brasileira. Revista de Administração Contemporânea, 5, 103-121. doi:10.1590/S1415-65552001000500006

Walsh, C. (2007). ¿Son posibles unas ciencias sociales/culturales otras? Reflexiones en torno a las epistemologías decoloniales. Nómadas, (26), 102-113.

Wanderley, S. (2015). Estudos organizacionais, (des)colonialidade e estudos da dependência: as contribuições da Cepal. Cadernos Ebape.br, 13(2), 237-255. doi:10.1590/1679-395115852