Em defesa de uma concepção complexa de sujeito nos estudos organizacionais

ID:
66249
Resumo:
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a necessidade de se ampliar a complexidade da noção de sujeito nas abordagens utilizadas nos estudos organizacionais de caráter crítico e contribuir com um novo olhar acerca do humano nas questões coletivas a partir de um novo conceito: o sujeito processual concreto. É desafio às ciências humanas e sociais demarcar seu objeto de estudo (o humano em suas manifestações) sem que se excluam as dimensões biológicas, sociais, históricas e psicológicas que lhe são inerentes, evitando-se reducionismos. Acredita-se que tal perspectiva complexa seja relevante às análises dos espaços sócio-organizacionais, posto que tomamos o sujeito como uma unidade analítica fundamental para compreender a dinâmica organizacional. As organizações emergem das inter-relações entre sujeitos, ampliando-se, estruturando-se e institucionalizando-se, de modo que a articulação sujeito × organização é indissociável, evitando as dicotomias em favor da construção do conhecimento nos estudos organizacionais e nas demais áreas afins. Partindo de uma perspectiva crítica de análise e com enfoque multifacetado e plural, com contribuições da psicanálise, psicologia sócio-histórica e pós-estruturalismo, campos que se voltam à complexidade do humano, este ensaio apresenta uma noção de sujeito que é contraditória e fluida, marcas de sua processualidade na contemporaneidade e base para o entendimento da complexa dinâmica sócio-organizacional e seus fenômenos.
Citação ABNT:
MAGALHÃES, A. F.; SARAIVA, L. A. S. Em defesa de uma concepção complexa de sujeito nos estudos organizacionais. Organizações & Sociedade, v. 29, n. 100, p. 20-50, 2022.
Citação APA:
Magalhães, A. F., & Saraiva, L. A. S. (2022). Em defesa de uma concepção complexa de sujeito nos estudos organizacionais. Organizações & Sociedade, 29(100), 20-50.
DOI:
10.1590/1984-92302022v29n0001PT
Link Permanente:
https://www.spell.org.br/documentos/ver/66249/em-defesa-de-uma-concepcao-complexa-de-sujeito-nos-estudos-organizacionais/i/pt-br
Tipo de documento:
Artigo
Idioma:
Português
Referências:
Adler, P. (2002). Critical in the name of whom and what? Organization, 9(3), 387-395. doi:10.1177/135050840293003

Alvesson, M., & Willmott, H. (1992). Critical management studies. Londres: Sage.

Bock, A. M. B., Gonçalves, M. G. J., & Furtado, O. (Orgs.) (2015). Psicologia sócio-hist: uma perspectiva crítica em psicologia (6a ed.). São Paulo, SP: Cortez.

Bourdieu, P. (2006). O poder simbólico (14a ed.) Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil.

Bourdieu, P. (2011). A economia das trocas simbólicas (7a ed.). São Paulo, SP: Perspectiva.

Burrel, G., & Morgan, G. (2005). Sociological paradigms and organisational analysis: elements of the sociology of corporate life. Burlington: Ashgate.

Butler, J. (2008). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade (2a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira.

Butler, J. (2017). A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Belo Horizonte, MG: Autêntica.

Carrieri, A. P., Saraiva, L. A. S., Enoque, A. G., & Gandolfi, P. E. (Orgs.) (2010). Identidade nas organizações. Curitiba, PR: Juruá.

Castoriadis, C. (1982). A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra.

Clegg, S. (1989). Frameworks of power. Londres: Sage.

Clegg, S. R. (1992). Tecnologia, instrumentalidade e poder nas organizações. RAE-Revista de Administração de Empresas, 32(5), 68-95. doi:10.1590/S0034-75901992000500008

Elia, L. (2010). O conceito de sujeito (3a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Zahar.

Faria, J. (2009). Teoria crítica em estudos organizacionais no Brasil: o estado da arte. Cadernos EBAPE.BR, 7(3), 509-515. Recuperado de https://bit.ly/309IrXk

Faria, J. H., & Meneghetti, F. K. (2007). O sequestro da subjetividade. In J. H. Faria (Org.), Análise crítica das teorias e práticas organizacionais (pp. 45-67). São Paulo, SP: Atlas.

Faria, J. H., & Schmitt, E. C. (2007). Indivíduo, vínculo e subjetividade. In J. H. Faria (Org.), Análise crítica das teorias e práticas organizacionais (pp. 23-44). São Paulo, SP: Atlas.

Farr, R. M. (1998). As raízes da psicologia social moderna. Petrópolis, RJ: Vozes.

Foucault, M. (1995). O sujeito e o poder. In H. Dreyfus, & P. Rabinow (Orgs.), Michel Foucault, uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica (pp. 231-249). Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária.

Foucault, M. (2004). A ética do cuidado de si como prática da liberdade. In M. B. Motta (Org.), Ética, sexualidade, política (pp. 240-251). Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária.

Fournier, V., & Grey, C. (2000). At the critical moment: conditions and prospects for critical management studies. Human Relations, 53(1), 7-32. doi:10.1177/0018726700531002

Freud, S. (1996). Cinco lições de psicanálise. In Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas completas de Sigmund Freud (vol. XI). Rio de Janeiro, RJ: Imago.

Freud, S. (2014). Compêndio da psicanálise. Porto Alegre: L&PM.

Giddens, A. (2003). A constituição da sociedade. São Paulo, SP: Martins Fontes.

Godoi, C. K. (2005). Psicanálise das organizações: contribuições da teoria psicanalíticas aos estudos organizacionais. Itajaí, SC: Editora Univali.

Goffman, E. (2011). Ritual de interação: ensaios sobre o comportamento face a face. Petrópolis, RJ: Vozes.

Goffman, E. (2014). A representação do Eu na vida cotidiana (20a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.

González Rey, F. (2005). Sujeito e subjetividade: uma aproximação histórico-cultural. São Paulo, SP: Thomson Learning.

Grey, C. (2005). Critical management studies: towards a more mature politics. In D. Howcroft, & E. M. Trauth (Eds.), Handbook of critical information systems research: theory and application (pp. 174-194). Cheltenham: Edward Elgar.

Habermas, J. (1982). Conhecimento e interesse. Rio de Janeiro, RJ: Zahar.

Habermas, J. (1988). Teoria de la acción comunicativa (vol. I-II). Madrid: Taurus.

Hardy, C., & Maguire, S. (2008). Institutional entrepreneurship. In R. Grenwood, C. Oliver, K. Sahlin, & R. Suddaby (Orgs.), The Sage handbook of organizational institutionalism (pp. 198-217). Chicago: The University of Chicago Press.

Kuhn, T. S. (2011). A estrutura das revoluções científicas (11a ed.). São Paulo, SP: Perspectiva.

Lacan, J. (1996). O seminário: livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (2a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Zahar.

Lane, S. T. M., & Codo, W. (Orgs.) (2012). Psicologia social: o homem em movimento (14a ed.). São Paulo, SP: Brasiliense.

Lapassade, G. (2016). Grupos, organizações e instituições. Petrópolis, RJ: Vozes.

Lawrence, T. B. (2008). Power, institutions and organizations. In R. Grenwood, C. Oliver, K. Sahlin, & R. Suddaby (Orgs.), The Sage handbook of organizational institutionalism (pp. 170-197). Chicago: The University of Chicago Press.

Lourau, R. (2014). A análise institucional (3a ed). Petrópolis, RJ: Vozes.

Lyotard, J.-F. (2021). A condição pós-moderna (20a ed). Rio de Janeiro, RJ: José Olympio.

Martinez, H. L., & Hack, R. F. (2010). Michel Foucault: o sujeito entre o poder e o saber. In C. A. Battisti (Org.), Às voltas com a questão do sujeito: posições e perspectivas (pp. 387-407). Ijuí, RS: Editora Unijuí.

Matitz, Q. R. S., & Vizeu, F. (2012). Construção e uso de conceitos em estudos organizacionais: por uma perspectiva social e histórica. Revista de Administração Pública, 46(2), 577-598. doi:10.1590/S0034-76122012000200011

Morin, E. (2011). Introdução ao pensamento complexo (4a ed.). Porto Alegre, RS: Sulina.

Motta, F. C. P., & Vasconcelos, I. F. G. (2008). Teoria geral da administração (3a ed.). São Paulo, SP: Cengage Learning.

Mozzato, A. R., & Grzybovski, D. (2013). Abordagem crítica nos estudos organizacionais: concepção de indivíduo sob a perspectiva emancipatória. Cadernos EBAPE.BR, 11(4), 503-519. doi:10.1590/S1679-39512013000400003

Paes de Paula, A. P. (2008). Teoria crítica nas organizações. São Paulo, SP: Thomson Learning.

Paes de Paula, A. P. (2015). Repensando os estudos organizacionais: por uma nova teoria do conhecimento. Rio de Janeiro, RJ: Editora FGV.

Paes de Paula, A. P., & Maranhão, C. M. S. A. (2009). Opressão e resistência nos estudos organizacionais críticos: considerações acerca do discurso da servidão voluntária e da pedagogia do oprimido. Organizações & Sociedade, 16(50), 463-477. doi:10.1590/S198492302009000300004

Paes, K. D., & Borges, F. A. (2016). O sujeito lacaniano e a organização rizomática: devires-máquinas-de-guerra. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 3(7), 670-720.doi:10.25113/farol.v3i7.2753

Paes, K. D., & Dellagnelo, E. H. L. (2015). O Sujeito na epistemologia lacaniana e sua implicação para os estudos organizacionais. Cadernos EBAPE.BR, 13(3), 530-546. doi:10.1590/1679395115872

Pagès, M., Bonetti, M., Gaulejac, V., & Descendre, D. (2008). O poder das organizações. São Paulo, SP: Atlas.

Peci, A. (2003). Estrutura e ação nas organizações: algumas perspectivas sociológicas. Revista de Administração de Empresas, 43(1), 1-12. doi:10.1590/S0034-75902003000100004

Pereira, R. D. (2014). Sobre heróis, coronéis e operários: notas acerca da disciplina do corpo e da ortopedia da alma em uma companhia têxtil de Minas Gerais (Tese de doutorado). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.

Ramos, A. G. (1984). Modelos de homem e teoria administrativa. Revista de Administração Pública, 18(2), 3-12. Recuperado de https://bit.ly/3EFXaZd

Rubinstein, S. L. (1963). El desarrollo de la psicologia: principios y metodos. Montevideo: Pueblos Unidos.

Sampaio, S. (2011). A liberdade como condição das relações de poder em Michel Foucault. Revista Katálysis, 14(2), 222-229. doi:10.1590/S1414-49802011000200010

Scott, W. R. (2008). Institutions and organizations: ideas and interests (3a ed.). Thousand Oaks: Sage.

Souza, E. M. (2017). A teoria queer e os estudos organizacionais: revisando conceitos sobre identidade. Revista de Administração Contemporânea, 21(3), 308-326. doi:10.1590/19827849rac2017150185

Souza, E. M., Machado, L. D., & Bianco, M. F. (2008). O homem e o pós-estruturalismo foucaultiano: implicações nos estudos organizacionais. Organizações & Sociedade, 15(47), 71-86. doi:10.1590/S1984-92302008000400004

Souza, E. M., Souza, S. P., & Silva, A. R. (2013). O pós-estruturalismo e os estudos críticos de gestão: da busca pela emancipação à constituição do sujeito. Revista de Administração Contemporânea, 17(2), 198-217. doi:10.1590/S1415-65552013000200005

Torezan, Z. C. F., & Aguiar, F. (2011). O sujeito da psicanálise: particularidades na contemporaneidade. Revista Mal-Estar e Subjetividade, 11(2), 525-554. Recuperado de https://bit.ly/31PuEGt

Tragtenberg, M. (2005). Administração, poder e ideologia (3a ed). São Paulo, SP: Editora Unesp.

Vygotsky, L. S. (1991). Pensamento e linguagem. São Paulo, SP: Martins Fontes.

Vygotsky, L. S. (2007). A formação social da mente (7a ed.). São Paulo, SP: Martins Fontes.