Estratégias Retóricas de Legitimação nos Relatórios da Administração: Respostas ao Movimento Antitabagista Outros Idiomas

ID:
45096
Resumo:
O movimento antitabagista brasileiro impulsionou o desenvolvimento de peças regulatórias que desafiaram a legitimidade das empresas do setor. As organizações podem adotar ações estratégicas retóricas, visando ganhar, manter ou recuperar legitimidade. Tais ações são evidenciadas em Relatórios da Administração (RA) por se caracterizarem como instrumentos de comunicação social. Desse modo, o presente artigo almeja identificar como a empresa líder do setor tabagista, a Souza Cruz S/A, utilizou os conteúdos dos RAs como instrumento de estratégia retórica de legitimação, no período de 1986 a 2012. O Institucionalismo Organizacional foi utilizado como referencial teórico, e a metodologia para tratamento dos dados foi a análise de conteúdo. Evidenciou-se que a Souza Cruz S/A empreendeu esforços para manter sua legitimidade no período analisado, intensificando o uso de apelos retóricos (ethos, pathos e logos) em defesa dos argumentos: (a) fumar é uma escolha racional adulta; (b) a legislação favorece o comércio ilegal de cigarros; e (c) as atividades da empresa beneficiam a sociedade. Assim, este trabalho destaca os RAs como fonte de análise em estudos organizacionais, evidencia a retórica como possibilidade estratégica e propícia aos gestores reflexões acerca da influência do ambiente nas estratégias organizacionais.
Citação ABNT:
RAFFAELLI, S. C. D.; GARCIAS, P. M.; ESPEJO, M. M. D. S. B.; PORTULHAK, H. Estratégias Retóricas de Legitimação nos Relatórios da Administração: Respostas ao Movimento Antitabagista . Revista de Administração Contemporânea, v. 21, n. 3, p. 286-307, 2017.
Citação APA:
Raffaelli, S. C. D., Garcias, P. M., Espejo, M. M. D. S. B., & Portulhak, H. (2017). Estratégias Retóricas de Legitimação nos Relatórios da Administração: Respostas ao Movimento Antitabagista . Revista de Administração Contemporânea, 21(3), 286-307.
DOI:
http://dx.doi.org/10.1590/1982-7849rac2017150166
Link Permanente:
https://www.spell.org.br/documentos/ver/45096/estrategias-retoricas-de-legitimacao-nos-relatorios-da-administracao--respostas-ao-movimento-antitabagista-/i/pt-br
Tipo de documento:
Artigo
Idioma:
Português
Referências:
Archel, P.; Husillos, J.; Larrinaga, C.; Spence, C. (2009). Social disclosure, legitimacy theory and the role of the state. http://dx.doi.org/10.1108/09513570910999319. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 22(8), 1284-1307.

Bardin, L. (2004). Análise de conteúdo. 3a ed. Lisboa: Edições 70.

Beuren, I. M.; Gubiani, C. A.; Soares, M. (2013). Estratégias de legitimidade de Suchman evidenciadas nos relatórios da administração de empresas públicas do setor elétrico. Revista de Administração Pública, 47(4), 849-875. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122013000400003.

Beuren, I. M.; Hein, N.; Boff, M. L. (2011). Estratégias de legitimidade organizacional de Lindblom versus geração familiar gestora de empresas familiares. Revista Iberoamericana de Contabilidad de Gestión, 9(17), 1-20.

Boeira, S.; Cunha, C. R. (2010). Souza Cruz: história e ideologia contemporânea sobre responsabilidade social. Revista Internacional Interdisciplinar Interthesis, 7(2), 276-315. http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2010v7n2p276.

Boeira, S.; Johns, P. (2007). Indústria de tabaco vs. Organização Mundial de Saúde: um confronto histórico entre redes sociais de stakeholders. Revista Internacional Interdisciplinar Interthesis, 4(1), 1-25.

Bryman, A. (2012). Social research methods. 4th ed. New York: Oxford University Press.

Buchanan, R. (2001). Design and the new rhetoric: productive arts in the philosophy of culture. http://dx.doi.org/10.1353/par.2001.0012. Philosophy and Rhetoric, 34(3), 183-206.

Burke, K. (1966). Language as a symbolic action: essays on life, literature, and method. Berkeley: University of California Press.

Chaloupka, F. J.; Nair, R. (2000). International issues in the supply of tobacco: recent changes and implications for alcohol. http://dx.doi.org/10.1046/j.13600443.95.12s4.3.x. Addiction, 95(12s4), 477-489.

Cooper, D. R.; Schindler, P. S. (2003). Métodos de pesquisa em administração. 7a ed.. Porto Alegre: Bookman.

Corbett, E. P.; Roberts, W. R.; Bywater, I. (1984). The rhetoric and the poetics of Aristotle. New York, NY: The Modern Library.

Deephouse, D. L.; Suchman, M. (2008). Legitimacy in organizational institutionalism. In R. Greenwood, C. Oliver, K. Sahlin, & R. Suddaby (Eds.), The Sage Handbook of organizational institutionalism. (pp. 49-77). London: Sage.

Fank, O. L.; Beuren, I. M. (2010). Evidenciação das estratégias de legitimidade da tipologia de Suchman (1995) nos relatórios da administração da Petrobras. http://dx.doi.org/10.11606/rco.v4i10.34775. Revista de Contabilidade e Organizações, 4(10), 25-47.

Graham, C. (2013). Teaching accounting as a language. http://dx.doi.org/10.1016/j.cpa.2012.01.006. Critical Perspectives on Accounting, 24(2), 120-126.

Green, S. E.; Jr. (2004). A rhetorical theory of diffusion. http://dx.doi.org/10.5465/AMR.2004.14497653. Academy of Management Review, 29(4), 653-669.

Green, S. E.; Jr.; Babb, M.; Alpaslan, C. M. (2008). Institutional field dynamics and the competition between institutional logics: the role of rhetoric in the evolving control of the modern corporation. http://dx.doi.org/10.1177/0893318908318430. Management Communication Quarterly, 22(1), 40-73.

Higgins, C.; Walker, R. (2012). Ethos, logos, pathos: strategies of persuasion in social/environmental reports. http://dx.doi.org/10.1016/j.accfor.2012.02.003. Accounting Forum, 36(3), 194-208.

Hoffman, A. J. (1999). Institutional evolution and change: environmentalism and the US chemical industry. http://dx.doi.org/10.2307/257008. Academy of Management Journal, 42(4), 351-371.

Iudícibus, S.; Martins, E.; Gelbcke, E. R.; Santos, A. (2010). Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades. São Paulo: Atlas.

Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. (1999). Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. Brasília, DF. Recuperado em 03 de dezembro, 2013, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9782.htm

Lightstone, K.; Driscoll, C. (2008). Disclosing elements of disclosure: a test of legitimacy theory and company ethics. http://dx.doi.org/10.1002/cjas.50. Canadian Journal of Administrative Sciences, 25(1), 7-21.

Lindblom, C. K. (1994). The implications of organizational legitimacy for corporate social performance and disclosure. Proceedings of the Critical Perspectives on Accounting Conference, New York, USA.

Meyer, J. W.; Rowan, B. (1977). Institutionalized organizations: formal structure as myth and ceremony. http://dx.doi.org/10.1086/226550. American Journal of Sociology, 83(2), 340-363.

Meyer, J. W.; Scott, W. R. (1983). Centralization and the legitimacy problems of local government. In J. W. Meyer & W. R. Scott (Eds.), Organizational environments: ritual and rationality. (pp. 199-215). Beverly Hills: Sage.

Moerman, L.; Van Der Laan, S. (2005). Social reporting in the tobacco industry: all smoke and mirrors? http://dx.doi.org/10.1108/09513570510600747. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 18(3), 374-389.

Nd. Lei nº 10.167, de 27 de dezembro de 2000. (2000). Altera dispositivos da Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas. Brasília, DF. Recuperado em 03 de dezembro, 2013, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10167.htm

Nd. Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011. (2011). Institui o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra); dispõe sobre a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) à indústria automotiva; altera a incidência das contribuições previdenciárias devidas pelas empresas que menciona; altera as Leis no 11.774, de 17 de setembro de 2008, no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, no11.196, de 21 de novembro de 2005, no 10.865, de 30 de abril de 2004, no 11.508, de 20 de julho de 2007, no 7.291, de 19 de dezembro de 1984, no 11.491, de 20 de junho de 2007, no 9.782, de 26 de janeiro de 1999, e no 9.294, de 15 de julho de 1996, e a Medida Provisória no 2.199-14, de 24 de agosto de 2001; revoga o art. 1o da Lei no 11.529, de 22 de outubro de 2007, e o art. 6o do Decreto-Lei no 1.593, de 21 de dezembro de 1977, nos termos que especifica; e dá outras providências. Brasília, DF. Recuperado em 03 de dezembro, 2013, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20112014/2011/lei/l12546.htm

Nd. Portaria Interministerial n.º 477, de 24 de março de 1995. (1995). Brasília, DF. Recuperado em 03 de dezembro, 2013, de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1995/pri0477_24_03_1995.html

Nd. Resolução - RDC n° 15, de 17 de janeiro de 2003. (2003). Regulamenta disposições dadas pela Lei n.º 9.294 de 15 de julho de 1996 (publicidade de produtos de tabaco). Recuperado em 03 de dezembro, 2013, de http://www.mprs.mp.br/infancia/legislacao/id2153.htm

Nd. Resolução - RDC n° 46, de março de 2001. (2001). Brasília, DF. Recuperado em 03 de dezembro, 2013, de http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/46_01rdc.htm

Reverte, C. (2009). Determinants of corporate social responsibility disclosure ratings by Spanish listed firms. http://dx.doi.org/10.1007/s10551-008-9968-9. Journal of Business Ethics, 88(2), 351-366.

Richardson, A. J. (1987). Accounting as a legitimating institution. http://dx.doi.org/10.1016/0361-3682(87)90023-7. Accounting, Organizations and Society, 12(4), 341-355.

Scott, W. R. (2008). Institutions and organizations: ideas and interests (3rd ed.).Thousand Oaks: Sage.

Souza Cruz S/A. (1987). Relatório da administração. Jornal do Comércio, Caderno de Economia, p. 13. Recuperado de https://www.dropbox.com/home/RA'S?preview=ra%27s+19861997.pdf

Souza Cruz S/A. (1992). Relatório da administração. Jornal do Comércio, Caderno de Economia, p. 9. Recuperado de https://www.dropbox.com/home/RA'S?preview=ra%27s+19861997.pdf

Souza Cruz S/A. (1996). Relatório da administração. Jornal do Comércio, Caderno de Economia, p. A9. Recuperado de https://www.dropbox.com/home/RA'S?preview=ra%27s+1986-1997.pdf

Souza Cruz S/A. (1997). Relatório da administração. Jornal do Comércio, Caderno de Economia, p. A7. Recuperado de https://www.dropbox.com/home/RA'S?preview=ra%27s+1986-1997.pdf

Souza Cruz S/A. (1999). Relatório da administração. Jornal do Comércio, p. 4. Recuperado de https://www.dropbox.com/home/RA'S/1999

Souza Cruz S/A. (2000). Relatório da administração. Jornal do Comércio, p. 1. Recuperado de https://www.dropbox.com/home/RA'S/2000

Souza Cruz S/A. (2002). Relatório da administração. Jornal do Comércio. Recuperado de https://www.dropbox.com/sh/k4t5cbktcgj3y87/AADmlMm6ubkNrSDrhT2p1R9ha/RA%27S/20 02/31.12.2002.doc?dl=0

Souza Cruz S/A. (2004). Relatório da administração. Jornal do Comércio, p. 4. Recuperado de https://www.dropbox.com/home/RA'S/2004

Souza Cruz S/A. (2007). Relatório da administração. Jornal do Comércio, p. 12. Recuperado de https://www.dropbox.com/home/RA'S/2004

Suchman, M. C. (1995). Managing legitimacy: strategic and institutional approaches. Academy of Management Review, 20(3), 571-610. http://dx.doi.org/10.2307/258788

Suddaby, R.; Greenwood, R. (2005). Rhetorical strategies of legitimacy. http://dx.doi.org/10.2189/asqu.2005.50.1.35. Administrative Science Quarterly, 50(1), 35-67.

Welch, K. E. (2013). The contemporary reception of classical rhetoric: appropriations of ancient discourse. New York; London: Routledge.

Wooten, M.; Hoffman, A. J. (2008). Organizational fields: past, present and future. In R. Greenwood, C. Oliver, R. Suddaby, & K. Sahlin (Eds.), The Sage handbook of organizational institutionalism. (pp. 130-147). California, Sage. http://dx.doi.org/10.4135/9781849200387.n5.

Yamamoto, M. M.; Salotti, B. M. (2006). Informação contábil: estudos sobre sua divulgação no mercado de capitais. São Paulo: Atlas.