Práticas de Normalização da Violência Política na Volkswagen do Brasil na Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985) Outros Idiomas

ID:
75690
Resumo:
Objetivo: investigar quais eram, como se configuravam e como eram operacionalizadas práticas de normalização da violência política cometida pela Volkswagen do Brasil contra seus trabalhadores durante a ditadura militar brasileira. Marco teórico: o contexto histórico da colaboração de empresas com governos ditatoriais permite identificar a face de invisibilidade da violência organizacional decorrente de práticas rotineiras de gestão que normalizam a violência política. Método: pesquisa histórica com fontes documentais dos acervos: Arquivo Nacional, Arquivo Público do estado de São Paulo, Ministério Público do estado de São Paulo, Tribuna Metalúrgica, Revista Família VW e imprensa. Os documentos foram analisados em diálogo com a historiografia e com categorias analíticas provenientes do campo. Resultados: a pesquisa identificou cinco práticas de normalização da violência política: formalização, divisão do trabalho, rotinização, autoridade e obediência, política de identidade e não identidade. Conclusões: assumindo como violência política ações para desarticular movimentos reivindicatórios dos operários por melhores condições de trabalho e a organização dos operários em torno de questões de política nacional, os resultados sugerem que a empresa – em colaboração com órgãos de repressão – realizou práticas de normalização da violência política.
Citação ABNT:
SILVA, M. A. C.; COSTA, A. Práticas de Normalização da Violência Política na Volkswagen do Brasil na Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985). Revista de Administração Contemporânea, v. 28, n. 2, p. 0-0, 2024.
Citação APA:
Silva, M. A. C., & Costa, A. (2024). Práticas de Normalização da Violência Política na Volkswagen do Brasil na Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985). Revista de Administração Contemporânea, 28(2), 0-0.
DOI:
10.1590/1982-7849rac2024230162.en
Link Permanente:
https://www.spell.org.br/documentos/ver/75690/praticas-de-normalizacao-da-violencia-politica-na-volkswagen-do-brasil-na-ditadura-civil-militar-brasileira--1964-1985-/i/pt-br
Tipo de documento:
Artigo
Idioma:
Português
Referências:
Alcadipani, R., & Medeiros, C. R. O. (2020). When corporations cause harm: A critical view of corporate social irresponsibility and corporate crimes. Journal of Business Ethics, 167, 85– 297. https://doi.org/10.1007/s10551-019-04157-0

Arendt, H. (2014). Eichmann in Jerusalem: A report on the banality of evil. Penguin Books

Arendt, H. (2015). Origens do totalitarismo: Antissemitismo, imperialismo, totalitarismo. Companhia das Letras.

Aróstegui, J. (2006). A pesquisa histórica: Teoria e método. Edusc.

Arquivo Nacional. (1984). FUNDO Centro de Informações de Segurança da Aeronautica. br_an_bsb_vaz_026_0088.

Arquivo Público do Estado de São Paulo. (1969). FUNDO DEOPS. DEOPS_50-Z-30-822, 1969.

Arquivo Público do Estado de São Paulo. (1974). FUNDO DEOPS. APESP_50-Z-341-1135.

Arquivo Público do Estado de São Paulo. (1976). Relatório da visita e documentos fornecidos pelo major Rudge. FUNDO DEOPS. DEOPS_50-Z-30-828.

Arquivo Público do Estado de São Paulo. (1978). FUNDO DEOPS. DEOPS_43-Z-C-4442.

Arquivo Público do Estado de São Paulo. (1979). FUNDO DEOPS. APESP_ doc01.

Arquivo Público do Estado de São Paulo. (1980). FUNDO DEOPS. APESP_ 50-Z-341 2979.

Ashforth, B. E., & Anand, V. (2003). The normalization of corruption in organizations. Research in Organizational Behavior, 25, 1-52. https://doi.org/10.1016/S0191-3085(03)25001-2

Ashforth, B. E., Kreiner, G. E., Clark, M. A., & Fugate, M. (2007). Normalizing dirty work: Managerial tactics for countering occupational taint. Academy of Management Journal, 50(1), 149-174. http://www.jstor.org/stable/20159845

Basualdo, V., Berghoff, H., & Bucheli, M. (2021a) Big business and dictatorship in Latin America: A transnational history of profits and Repression. Palgrave Macmillan.

Basualdo, V., Berghoff, H. & Bucheli, M. (2021b) Crime and (No) punishment: Business corporations and dictatorships. In, Big Business and Dictatorship in Latin America: A transnational history of profits and Repression. Palgrave Macmillan.

Bauman, Z. (2002). Modernity and the Holocaust. Cornell University Press.

Biblioteca Nacional. (1979a). Jornal do Brasil. Hemeroteca digital.

Biblioteca Nacional. (1979b). Jornal O Repórter. Hemeroteca digital.

Bishop, V., Korczynski, M., & Cohen, L. (2005). The invisibility of violence: Constructing violence out of the job centre workplace in the UK. Work, Employment and Society, 19, 583–602. https://doi.org/10.1177/0950017005055671

Bloomfield, B. P., Burrell, G., & Vurdubakis, T. (2017). Licence to kill? On the organization of destruction in the 21st century. Organization, 24, 441–455. https://doi.org/10.1177/1350508417700404

Burger, J. M. (2009). Replicating milgram: Would people still obey today. American Psychologist, 64(1), 1–11. https://doi.org/10.1037/a0010932

Burke, P. (1995) Violência social e civilização. Braudel Papers.

Chan, J. (2013). A suicide survivor: The life of a Chinese worker. New Technology, Work and Employment, 28(2), 84–99. http://dx.doi.org/10.1111/ntwe.12007

Chesnais, J. C. (1981). Histoire de la violence en Occident de 1800 à nos jours. Laffont. Chwastiak, M. (2015). Torture as normal work: The Bush Administration, the Central Intelligence Agency and ‘enhanced interrogation techniques’. Organization, 22(4), 493-511. http://dx.doi.org/10.1177/1350508415572506

Clegg, S. (2009). Bureaucracy, the holocaust and techniques of power at work. Management Revue, 20(4), 326-347. https://www.jstor.org/stable/41783626

Clegg, S., Cunha, M. P., & Rego, A. (2012). The theory and practice of utopia in a total institution: The pineapple panopticon. Organization Studies, 33(12), 1735-1757. https://doi.org/10.1177/0170840612464611

Clegg, S. R., Courpasson, D., & Phillips, N. (2006). Power and organizations. Pine Forge Press.

Comissão Nacional da Verdade (2014). Relatório da Comissão Nacional da Verdade. CNV. v. 1.

Costa, A. & Silva, M. A. C. (2018). Empresas, violação dos direitos humanos e ditadura civil-militar brasileira: A perspectiva da Comissão Nacional da Verdade. Revista O&S, 25(84), 15-29. https://doi.org/10.1590/1984-9240841

Costa, A, & Silva, M. A. C. (2019). A pesquisa histórica em Administração: Uma proposta para práticas de pesquisa. Administração: Ensino e Pesquisa, 20(1), 1-20. https://doi.org/10.13058/raep.2019.v20n1.1104

Costas, J., & Grey, C. (2019). Violence and organization studies. Organization Studies, 40(10), 1573-1586. https://doi.org/10.1177/0170840618782282

Crettiez, X. (2011). As formas de violência. Editora Loyola.

Cunha, M. P., Rego, A., & Clegg, S. R. (2010). Obedience and evil: From Milgram and Kampuchea to normal organizations. Journal of Business Ethics, 97(2), 291-309. https://doi.org/10.1007/s10551-010-0510-5

Decker, S., Hassard, J., & Rowlinson, M. (2021). Rethinking history and memory in organization studies: The case for historiographical reflexivity. Human Relations, 74(8), 1123-1155. https://doi.org/10.1177/0018726720927443

Della Porta, D. (2006). Social moviments, political violence and the State: A comparative analysis of Italy ans Germany. Cambridge University Press.

Domenach, J. M. (1981). La violencia. In, La violencia y sus causas (pp. 33-45). UNESCO.

Dumouchel, P. (2012) Political violence and democracy. RitsIILCS_23. https://www.ritsumei.ac.jp/acd/re/k-rsc/lcs/kiyou/pdf_23- 4/RitsIILCS_23.4pp.117-124DUMOUCHEL.pdf

Galtung, J. (1969). Violence, peace, and peace research. Journal of Peace Research, 6(3), 167–191. https://www.jstor.org/stable/422690

Harrington, S., Warren, S., & Rayner, C. (2015). Human resource management practitioners’ responses to workplace bullying: Cycles of symbolic violence. Organization, 22(3), 368-389. https://doi.org/10.1177/1350508413516175

Harris, K. L., McFarlane, M., & Wieskamp, V. (2019). The promise and peril of agency as motion: A feminist new materialist approach to sexual violence and sexual harassment. Organization, 27(5), 660-679.

Haslam, N. (2019). The many roles of dehumanization in genocide. In, L. S. Newman (Ed.), Confronting humanity at its worst: Social psychological perspectives on genocide. Oxford University Press.

Haslam, N., & Loughnan, S. (2016). How dehumanization promotes harm. In, A. G. Miller (Ed), The social psychology of good and evil (v. 2, pp. 140-158). Guilford Publications.

Kelman, H. C. (1973). Violence without moral restraint: Reflections on the dehumanization of victims and victimizers. Journal of Social Issues, 29(4), 25-61. https://doi.org/10.1111/j.1540-4560.1973.tb00102.x

Kenny, K. (2016). Organizations and violence: The child as abjectboundary in Ireland’s industrial schools. Organization Studies, 37, 939–961

Kilby, J. (2013). Introduction to Special Issue: Theorizing violence. European Journal of Social Theory, 16, 261–272. https://doi.org/10.1177/0170840615622069

Lang, J. (2020). The limited importance of dehumanization in collective violence. Current opinion in psychology. Current Opinion in Psychology, 35, 17-20. https://doi.org/10.1016/j.copsyc.2020.02.002

Lemos, R. L. C. N. (2020). A aliança empresarial-militar no Brasil: an comunismo e segurança nacional (1949-1964). In P. H. P. Campos, R.V. M. Brandão, & R. L. C. N. Lemos (Orgs.), Empresariado e ditadura no Brasil. Consequência Editora.

Maclean, M., Harvey, C., & Clegg, S. R. (2016). Conceptualizing historical organization studies. Academy of Management Review, 41(4), 609-632. https://www.jstor.org/stable/24906243

Martí, I & Fernández, P. (2013). The institutional work of oppression and resistance: Learning from the Holocaust. Organization Studies, 34(8),1195-1223.

May, L. (1997) Socialization and institucional evil. In R. J. Bernstein, L. May, J. Kohn (Eds). Hannah Arendt: Twenty years later (pp. 83-105). MIT Press.

Methot-Jones, T., Book, A., & Gauthier, N. Y. (2019). Less than human: Psychopathy, dehumanization, and sexist and violent attitudes towards women. Personality and Individual Differences, 149, 250-260. https://doi.org/10.1016/j.paid.2019.06.002

Michaud, Y. (2006). A violência. Ática.

Miguel, L. F. (2014). Violência e Política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 30(88), 29-44. https://doi.org/10.17666/308829-44/2015

Milgram, S. (1963). Behavioral study of obedience. Journal of Abnormal and Social Psychology, 67, 371–378. https://psycnet.apa.org/doi/10.1037/h0040525

Milgram, S. (1965). Some conditions of obedience and disobedience to authority. Human Relations, 18, 57–76. https://doi.org/10.1177/001872676501800105

Milgram, S. (1974). Obedience to authority: An experimental view. Harper and Row. Munslow, A. (2006). Deconstructing history. Taylor & Francis.

Odália, N. (1991). O que é violência. Brasiliense.

Oliveira, C. R., & Silveira, R. A. (2021). Um ensaio sobre crimes corporativos na perspectiva pós-colonial: Desafiando a literatura tradicional. Revista de Administração Contemporânea, 25(4), 1-17. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2021190144.por

Oliveira, R. P.,& Nunes, M. O. (2008). Violência relacionada ao trabalho: Uma proposta conceitual. Saúde e Sociedade, 17(4), 22-34. https://doi.org/10.1590/S0104-12902008000400004

Özcelik, A. D. O. (2017). Aggression theories revisited: Lorenz’s neoinstinctivism, wilson’s socio-biology and skinner’s behavioral theories. Journal of Asian Scientific Research, 7(2), 38. https://doi.org/10.18488/journal.2.2017.72.38.45

Pinsky, C.B. & Luca, T.R. (2013) Apresentação. In C. B. Pinsky, & T. R. Luca (Org.). O historiador e suas fontes. Contexto.

Prost, A. (2019). Doze lições sobre a história. Editora Autêntica.

Rai, T. S., Valdesolo, P., & Graham, J. (2017). Dehumanization increases instrumental violence, but not moral violence. Proceedings of the National Academy of Sciences, 114(32), 8511-8516. https://doi.org/10.1073/pnas.1705238114

Rosa, A. R., & Brito, M. J. (2010). Corpo e alma nas organizações: Um estudo sobre dominação e construção social dos corpos na Organização militar. RAC - Revista de Administração Contemporânea, 14(2), 2010. https://doi.org/10.1590/S1415-65552010000200002

Salles, T. B. (2002). Trabalho e reestruturação produtiva: O caso da Volkswagen em São Bernardo do Campo. Editora Annablume

Silva, M. A. C. (2020). A expansão da Volkswagen do Brasil baseada em políticas econômicas e alinhamento ideológico. In P. H. P. Campos, R.V. M. Brandão, & R. L. C. N. Lemos (Orgs.), Empresariado e ditadura no Brasil. Consequência Editora.

Silva, M. A. C. (2022). A Volkswagen e a ditadura: A fábrica de violência da multinacional no Brasil durante o regime civil militar brasileiro. Editora Consequência.

Silva, M. A. C., Campos, P. H. P., & Costa, A. (2022). A Volkswagen e a ditadura: A colaboração da montadora alemã com a repressão aos trabalhadores durante o regime civil-militar brasileiro. Revista Brasileira de História, 42(89), 141-164. https://doi.org/10.1590/1806-93472022v42n89-08

Silva, M. A. C., Costa, A., & Santos, C. A. S (2022). A responsabilidade política corporativa por atos de violência no passado: A colaboração da Volkswagen do Brasil com a ditadura civil-militar brasileira. ReAd - Revista Eletrônica de Administração, 28(1), 154-179. https://doi.org/10.1590/1413-2311.340.114505

Simon, R. (2021). O Brasil contra a democracia: A ditadura, o golpe no Chile e a Guerra Fria na América do Sul. Companhia das Letras.

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. (1978). Tribuna Metarlúgica. (49), Nov.

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. (1979) Tribuna Metarlúgica, (52), Fev.

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. (1981). Tribuna Metarlúgica, (Suplemento).

Steizinger, J. (2018). The significance of dehumanization: Nazi ideology and its psychological consequences. Politics, Religion & Ideology, 19(2), 139-157. https://doi.org/10.1080/21567689.2018.1425144

Stokes, P., & Gabriel, Y. (2010). Engaging with genocide: The challenge for organization and management studies. Organization, 17(4), 461–480. https://doi.org/10.1177/1350508409353198

Tosh, J. (2011) A busca da história: Objetivos, métodos e as tendências no estudo da história moderna. Editora Vozes.

Varman, R., & Al-Amoudi, I. (2016). Accumulation through derealization: How corporate violence remains unchecked. Human Relations, 69(10), 1909-1935. http://dx.doi.org/10.1177/0018726716628970

Volkswagen (1963, Mar.). Revista Família VW, Mar.

Volkswagen do Brasil. (2015). Documento entregue pela Volkswagen do Brasil ao MPF, 14 de dezembro de 2015

Yates, J. (2014). Understanding historical methods in organization studies. In M. Bucheli, & R. D. Wadhwani (Eds.), Organizations in time: History, theory, methods. Oxford.